16 de março de 2008

A relação pegada ecológica - consumo: que marcas queremos deixar no planeta?

Palestra com o ambientalista Irineu Tamaio chama atenção para o uso excessivo dos recursos naturais, o consumismo exagerado e a degradação ambiental

A Semana do Consumidor com o tema: Consumidor, Cidadania e Meio Ambiente, realizada pelo Governo do Estado por meio do Procon, apresenta uma programação que envolve a posse dos conselheiros do Conselho Estadual de Defesa do Consumidor, painéis temáticos, exposição de xilogravuras, apresentação de espetáculo teatral e palestras.

Entre as palestras "A relação pegada ecológica - consumo: que marcas queremos deixar no planeta?" será apresentada por Irineu Tamaio, doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília-UnB, nesta quarta-feira, 12, às 10 horas, na Biblioteca da Floresta Marina Silva.

O conceito de Pegada Ecológica foi criado pelo WWF-Brasil, com o propósito de chamar atenção dos brasileiros para uma ação integrada pelo meio ambiente. O que significa Pegada Ecológica? Para o ambientalista é uma ferramenta de leitura e interpretação da realidade, a visão da intensidade das ações do homem na natureza. Uma forma de chamar à atenção para o uso excessivo dos recursos naturais, do consumismo exagerado e da degradação ambiental.

"Se você pisa mais firme na areia seu rastro será mais visível, mas se você é mais cauteloso então suas pegadas serão menos agressivas e as marcas não ficarão tão visíveis. A Pegada foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de recursos da natureza utilizamos para sustentar nosso estilo de vida".

Diante do consumismo exagerado, Irineu explica que a Pegada na realidade irá medir a capacidade que os seres humanos possuem de se apropriarem desses recursos.

"Vivemos desses recursos, mas cada vez mais aumentamos o nosso consumo. Será que a natureza tem a capacidade de repor a quantidade que de fato nós consumimos? O que a Pegada Ecológica tem mostrado é que não. Que nós humanos aumentamos muito esse padrão: eletrodomésticos, energia, água, roupa, alimentos industrializados. Tudo isso gera o que? Lixo e mais recursos da natureza".

Dados comprovam que desde a década de 80 a natureza não consegue mais responder ao nível do consumo, 25% a mais do que é retirado da natureza, não tem capacidade de ser reposto, isso significa que num futuro não muito distante, os recursos não serão mais suficientes para atender a vida dos humanos e haverá uma disputa bem maior por eles.

"A Pegada ela mede isso, ela mensura com a capacidade. É um pouco complicado explicar a Pegada, porque é uma metodologia que mensura deste a habitação, transporte, alimentação, consumo de gasolina, consumo da carne, energia. Por exemplo, a sociedade americana tem um nível de consumo muito alto, então se o mundo inteiro, praticamente 6 bilhões de habitantes, tivessem o mesmo nível de consumo da sociedade norte-americana, nós precisaríamos de nove planetas terra para atender o a demanda de consumo dos humanos", aponta o ambientalista, adiantando que a média brasileira é de 1,9 planetas.

"Significa que temos que rever nossos padrões de consumo, nosso modelo de desenvolvimento na terra. Nós temos um problema na sociedade brasileira, que é ter como referencial a sociedade americana. Então, você liga a TV, ler o jornal, escuta o rádio e está lá: compre isso, compre aquilo, consuma isso, aquilo", comenta.

Para Irineu o Acre é um dos estados que sai à frente em debater questões relacionadas ao consumo consciente, pois não existe uma discussão ampla em relação a temática como a que está sendo promovida pelo Procon-Acre na Semana do Consumidor.

"Isso é muito rico e importante tomara que todos os governos e todos os poderes públicos promovam essa discussão. Temos que reduzir esse impacto e uma forma é organizando a sociedade para que ela mude posturas e comportamentos. Mas, não adianta fechar a torneira, reduzir o consumo de carne, desligar o ar, a lâmpada, temos que pensar modelos de desenvolvimento. O que queremos, nós da WWF com a campanha da Pegada Ecológica é estimular o cidadão a pensar seu comportamento como consumidor, mas também pressionar através dos órgãos de controle social para que os poderes públicos tenham políticas para a redução desse consumo".

É justamente essa metodologia que será aplicada na palestra a fim de explicar o uso consciente da utilização dos recursos que são oferecidos pela natureza prezando sempre pelo não desperdício e visando pela sustentabilidade das gerações futuras.

"É uma oportunidade para a sociedade repensar sobre o modo como tem atuado diante da questão ecológica, repensando sobre o que realmente é ser cidadão e como agir para amenizar os efeitos colaterais causados a natureza pela mão atroz do homem".

Assessoria FEM

Fonte: Agência de Notícias do Acre

Veja aqui uma entrevista com o professor Irineu Tamaio.

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