O segundo fato foi suficiente para levar pesquisadores a apontar uma possível influência negativa das florestas no aquecimento global. Alguns modelos indicaram que as emissões de isopreno – principal composto volátil emitido pelas florestas – poderiam se sobrepor à capacidade dos oxidantes atmosféricos de remover gases estufa, como o metano, ou tóxicos, como o monóxido de carbono.
Um novo estudo, publicado na edição desta quinta-feira (10/4) da revista Nature, aponta o contrário. Feito por pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, o trabalho destaca que a quantidade de isopreno emitida pelos ecossistemas terrestres em atmosferas não poluídas causa muito menos danos do que se imaginava.
Os cientistas sobrevoaram por diversas vezes a Floresta Amazônica, sobre o Suriname e as Guianas, para medir as emissões. Valores também foram obtidos sobre o Oceano Atlântico.
“Os dados revelaram, inesperadamente, concentrações elevadas de radicais hidroxila [formados pela quebra do ozônio pela radiação ultravioleta]. Acreditamos que a oxidação natural dos compostos orgânicos voláteis, principalmente do isopreno, recicla os radicais hidroxila eficientemente em óxidos de nitrogênio por meio de reações de peróxidos orgânicos”, destacaram.
Se as quantidades de emissões de hidrocarbonos e compostos orgânicos voláteis fossem realmente prejudiciais, segundo os autores, as concentrações de radicais hidroxila deveriam ser menores, uma vez que elas estariam sendo destruídas por meio da reação com as emissões voláteis.
Segundo os cientistas alemães, a oxidação natural dos compostos biogênicos da floresta faz com que os radicais sejam reciclados. “Embora sejam necessários mais estudos laboratoriais para explorar em mais detalhes os mecanismos químicos responsáveis para a reciclagem dos radicais hidroxila, nossos resultados demonstram que a biosfera mantém um equilíbrio notável com o ambiente atmosférico”, afirmaram.
O artigo Atmospheric oxidation capacity sustained by a tropical forest, de Jos Lelieveld e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
Fonte: Portal do Meio Ambiente/ Agência FAPESP.
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