30 de novembro de 2007

Sintetizando...

"Se a miséria dos nossos pobres não fosse causada pelas leis da natureza, mas pelas nossas instituições, grande seria no nosso pecado."

Charles Darwin

Recuperando pastos em florestas...

Converter pastagens em florestas, gerar renda para agricultores familiares e capturar carbono. Esses foram alguns dos objetivos do Projeto Paraná Biodiversidade, vencedor da categoria Natureza do prêmio Von Martius de Sustentabilidade 2007.

O projeto, que é coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, com apoio da Embrapa Florestas, da Emater e do Instituto Ambiental do Paraná, beneficia 187 pequenos produtores familiares da região Noroeste do Paraná com propriedades menores que 30 hectares, com o financiamento de 50% do investimento total necessário para a implantação de florestas de até 5 hectares em suas propriedades.

Segundo o gerente geral do Projeto Paraná Biodiversidade Erich Gomes Schaitza, a idéia de montar o projeto surgiu a partir de uma discussão sobre mudanças climáticas que foi feita na secretaria de Meio Ambiente. “O então secretário do Meio Ambiente, Luis Eduardo Cheida, via a necessidade de discutir essa questão no Estado. Então, nossa equipe discutiu a oportunidade de se montar um programa que conciliasse captura de carbono e reflorestamentos e a partir daí passamos para a prática”.

Ele explica que o diferencial do Paraná Biodiversidade se deve a mistura do plantio de eucalipto com espécies nativas que não só contribuem para geração de renda imediata, mas também garante a permanência desses seres no ecossistema pelo processo conhecido como sucessão florestal. “Nossa primeira intenção era usar eucaliptos apenas e promover a regeneração natural de plantas nativas no seu sub-bosque gradativamente e ir substituindo as árvores de eucalipto pelas que foram regeneradas. Mas percebemos que era necessário promover a conservação genética de espécies florestais”, diz o gerente do projeto.

Atualmente, cerca de 400 hectares em pastagens degradadas já foram reflorestados o que significa benefícios tanto para o meio ambiente como para o agricultor.“Com a captura carbono que será feita por conta do reflorestamento, o produtor rural automaticamente contribui com a luta global contra as mudanças climáticas. É bom para eles e para todos nós”, explica Schaitza.

Outro benefício destacado é no âmbito econômico. “Em nosso modelo de reflorestamento os produtores poderão ganhar dinheiro com a madeira de eucalipto, com carbono e com produções posteriores provenientes da floresta recomposta, através de manejo florestal. Como o plantio é feito na reserva legal, os agricultores não poderão desmatar mais essa área, só manejá-la, retirando produtos da floresta de maneira equilibrada, isto é, de acordo com sua capacidade de regeneração”, explica o gerente.

Mas para promover o reflorestamento das pastagens paranaenses não foi fácil. Schaitza explica que a equipe encontrou muitas dificuldades, como por exemplo, a seca. “Tivemos que organizar 180 agricultores e fazer com que eles entendessem a necessidade de se fazer investimento, independentemente, de estarmos atravessando maus bocados com a maior seca dos últimos anos”.

Com relação ao investimento direto do projeto, foram necessários aproximadamente R$250 mil por parte da secretaria outros R$ 250 mil por parte dos agricultores.

Mesmo com o sucesso do programa, que recuperou 400 hectares e além de vencer o Von Maritus ganhou o prêmio Expressão de Ecologia, concedido pela revista Expressão, Schaitza afirma que ainda é preciso investir e superar muitos desafios. “Precisamos trabalhar muito para sairmos de um modelo bonito para uma prática bem estabelecida. precisamos validar o Projeto junto ao Protocolo de Kyoto, continuar a capacitação de agricultores e a formação da cooperativa de produtores de carbono. Finalmente, um grande trabalho é o de achar clientes para comprar o carbono deles. O "módulo de carbono" é um projeto de longa duração, com 20 anos de execução previstas e as dificuldades que aparecem vão sendo vencidas aos poucos.”

Segundo o ele, a realização de prêmios como o Von Martius de Sustentabilidade é uma forma de chamar a atenção de investidores e da sociedade para com temas ambientais. “O prêmio abre espaço na mídia. E como esses prêmios são notícia acabam alavancando a produção nacional. Mas ainda precisamos de mais prêmios que sejam voltados para o produtor de gado. Assim, o agricultor que preza pela natureza se sentiria valorizado e produziria pensando na sustentabilidade”.

Outros vencedores

O segundo lugar ficou com a Cooperativa Agroindustrial (Cocamar), com o projeto Cultivar que com o slogan "Produzindo florestas com mãos especiais", tem como objetivo recuperar matas ciliares na região de Maringá, no Paraná. O trabalho, que é feito com a colaboração de alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e de detentos da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM), além de beneficiar cerca de 6.700 associados da Cooperativa Agroindustrial (Cocamar) com a recuperação de suas propriedades, possibilita a inclusão social de alunos excepcionais e de condenados.

Durante um ano, 620 mil mudas de espécies nativas foram produzidas para o reflorestamento de 150 quilômetros de margens de rios em cerca de 30 mil pequenas propriedades rurais abrangendo oito municípios. A parceria com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) permitiu a capacitação técnica dos participantes, além da doação de sementes, substratos e tubetes. O projeto Cultivar faz parte do Programa Estadual de Mata Ciliar da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, contando também com o apoio da Prefeitura Municipal de Maringá e da multinacional alemã BASF.

Já o terceiro lugar foi para o projeto Gestão Ambiental pelo Consórcio intermunicipal Ribeirão Lajeado que realiza programas de educação ambiental, recomposição da mata ciliar, manejo conservacionista do solo, coleta de águas pluviais e conservação de estradas rurais por meio de levantamentos feitos pela Companhia Energética de São Paulo (CESP) e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

O que é o Von Martius ?

Divulgar e reforçar o compromisso da Alemanha e das empresas alemãs com o desenvolvimento sustentável. Estes são alguns dos objetivos do Prêmio von Martius de Sustentabilidade que é realizado anualmente pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Este ano, o prêmio, que homenageia o pesquisador alemão Karl Friedrich von Martius, cujo trabalho contribuiu para a valorização da cultura e natureza de nosso País, recebeu da empresa BRTÜV o certificado de neutralização de carbono, confirmando assim o caráter carbonfree de todo o evento.

A idéia do prêmio, que está em sua 8ª edição, é reconhecer as iniciativas de empresas, do poder público, de indivíduos e da sociedade civil que promovam o desenvolvimento econômico, social e cultural com respeito socioambiental e, a partir disso, transmitir uma mensagem sobre responsabilidade ecológica para o mundo, através da valorização de três importantes plataformas de ação: Humanidade, Tecnologia e Natureza.

O Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2007, cuja cerimônia de premiação aconteceu no dia 7 de novembro, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro (RJ), tem o apoio do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), World Wide Fund for Nature (WWF), InWEnt, Gráfica Bandeirantes, Suzano Papel e Celulose, Senator Turismo Lufthansa City Center, BRTÜV e é o único concurso de projetos ambientais do Brasil a dispor da auditoria de procedimentos da PricewaterhouseCoopers.

Mais informações podem ser obtidas no site da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha: http://www.ahkbrasil.com/premio/

Por Michelle Barreto

Envolverde

ONU: Brasil está entre líderes de reflorestamento

Nairobi - O Brasil está em décimo primeiro lugar na lista de países que mais contribuem para o reflorestamento de áreas desmatadas, de acordo com um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).Mais de um bilhão de árvores foram plantadas no mundo em 2007, o que supera os objetivos fixadas pela ONU em termos de reflorestamento, medida destinada a paliar o aquecimento do planeta

A Etiópia, com 700 milhões de árvores plantadas, e o México, com 217 milhões, são os países que mais contribuíram para esta operação. Os países mais pobres, os primeiros ameaçados pelas conseqüências do aquecimento do planeta, figuram numa boa posição nesta lista. A Turquia é o terceiro, com 150 milhões de árvores plantadas, seguido do Quênia, com 100 milhões, Cuba, com 96,5 milhões, e Ruanda, com 50 milhões.

O Brasil tem 16 milhões de árvores plantandas no ano. A campanha "Um bilhão de árvores para o planeta" foi lançada em novembro de 2006 pela Prêmio Nobel da Paz 2004, a queniana Wangari Maathai.

A Indonésia vai plantar 80 milhões de árvores em um dia durante a conferência em Bali sobre mudanças climáticas, em dezembro.

O Dia – Rio de Janeiro

Crédito de carbono pode atingir US$ 60 bi...

O mercado de crédito de carbono deverá pelo menos duplicar este ano e superar a barreira dos US$ 60 bilhões. A estimativa é da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. Entre 2005 e 2006 o mercado já havia triplicado para US$ 30,1 bilhões. A oferta de créditos pelos países em desenvolvimento movimentou US$ 4,8 bilhões do total em 2006. A China participou com 61% dos créditos oferecidos, Índia com 12% e Brasil com 4%.

"Kyoto não será suficiente", diz Nobel...

Ganhar um Nobel da Paz tem suas vantagens. Para Mohan Munasinghe, vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que ganhou o prêmio neste ano - junto do ex-vice-presidente americano Al Gore - a homenagem trouxe pelo menos três benefícios. "Conseguimos reconhecimento, credibilidade e poder de influência. Com o Nobel ficou mais fácil convencer as lideranças políticas e a população de que a ação humana no aquecimento global é um fato", diz.

Natural do Sri-Lanka, Munasinghe é autor de 85 livros sobre temas como energia e desenvolvimento sustentável. Hoje ele dará uma palestra sobre mudanças climáticas na EcoPower, conferência internacional sobre energias renováveis sediada em Florianópolis.

Com voz calma e tom professoral, Munasinghe se mostra cético em relação às chances de a humanidade refrear uma catástrofe climática e econômica. "Como cientista, é difícil falar sobre quando chegaremos a um ponto sem retorno no que tange ao aquecimento global. Mas se os níveis de CO2 na atmosfera ultrapassarem o limite de 450 partes por milhão (ppm), teremos problemas", afirmou.

Atualmente, o nível de gases de efeito estufa na atmosfera está em torno de 385 ppm - o nível adequado para manter a temperatura terrestre na casa dos 14°C seria 275 ppm. "Nos últimos 30 anos, as emissões de gases do efeito estufa aumentaram em 70%. Nossos níveis de CO2 estão muito próximos do limite", pondera.

O ceticismo do professor se revela também quando ele é perguntado se o Protocolo de Kyoto, o acordo global sobre mudanças climáticas, fracassou. "Apesar de Kyoto, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram nos últimos dez anos. E nos próximos 30 anos, elas devem crescer de 50% a 100%", disse. "Kyoto é um pequeno passo, insuficiente para refrear o aquecimento global. As próximas negociações sobre clima terão que ser mais ambiciosas para evitarmos catástrofes", diz.

Um dos meios para se atingir o almejado desenvolvimento sustentável seria diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. "Aumentar o consumo de energias renováveis para 5% ou 10% da matriz mundial seria o ideal", diz. Mas reconhece que é muito difícil livrar a humanidade do vício do petróleo e do carvão. "Não podemos impedir os países de usar carvão, já que é um recurso altamente disponível, com reservas para os próximos 200 anos. Mas podemos explorar isso de uma forma tecnologicamente mais limpa."

Andrea Vialli

O Estado de São Paulo

26 de novembro de 2007

Austrália muda de lado e isola mais os EUA...

Os países que defendem ações mais duras e urgentes contra as mudanças climáticas ganharam um forte aliado - e ele entra no jogo com pressa de apresentar resultados. Em sua primeira entrevista coletiva após a vitória histórica de seu partido, o Trabalhista nas eleições parlamentares da Austrália no sábado, o novo primeiro-ministro, Kevin Rudd, deixou cristalino que seu os australianos mudaram de lado nessa discussão. Durante anos, o país foi aliado da política dos Estados Unidos para o tema, contestando e rejeitando o Protocolo de Kioto, pacto global de redução das emissões de gás carbônico que o primeiro-ministro derrotado, John Howard, e o presidente George W. Bush consideram nocivo à economia.

Miriam Leitão analisa: A eleição da Austrália é a primeira derrota política causada pelo aquecimento global

O novo premier disse hoje que já busca informações a respeito da ratificação do protocolo, que decidiu representar a Austrália pessoalmente na nova cúpula das Nações Unidas sobre o clima, marcada para dezembro, em Bali, e que já conversou com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, sobre como intensificar esforços e parcerias contra o aquecimento. Tudo isso com apenas um dia de eleito. A meia-volta australiana no tema isola ainda mais os Estados Unidos, maior emissor de gases do efeito estufa.

- Falamos (com Gordon) sobre o que podemos fazer no futuro para cooperar mais sobre a mudança climática, como governos, e disse que tenho muita vontade de trabalhar nisso com o governo britânico no futuro - disse Rudd.

Aliados na guerra do Iraque, Estados Unidos e Grã-Bretanha sempre ocuparam posições divergentes quando às transformações que a ação humana e a poluição estão provocando no planeta.

Rudd, um ex-diplomata de 50 anos, conquistou os eleitores australianos apresentando-se como o líder de uma nova geração, disposto a retirar as tropas de seu país do Iraque e ratificar Kioto. O cumprimento da promessa sobre o Iraque deve ser bem mais gradual do que a mudança de lado na questão do clima.

O novo primeiro-ministro disse que além de Brown, conversou Kioto com o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono.

- O presidente Yudhoyono convidou-me formalmente para comparecer à conferência de Bali, que certamente vai lidar com as mudanças climáticas e para onde vamos agora baseados em Kioto. Eu respondi positivamente - afirmou Rudd.

O Globo

A lenta recuperação da Amazônia...

Áreas abandonadas pela agricultura precisam de pelo menos 70 anos para recuperar seu ciclo original do nitrogênio e voltar a crescer.
Área de pastagem confrontando a floresta. Foto: Jeison T. Alflen

Um amplo estudo realizado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos revela a dinâmica de recuperação das áreas da Amazônia que inicialmente foram desmatadas para dar lugar a plantações, mas acabaram sendo deixadas de lado pela agricultura. Segundo o trabalho, são necessários 70 anos para uma porção abandonada de floresta tropical restabelecer o ciclo do nitrogênio, essencial para a manutenção da biodiversidade nesse tipo de ecossistema, e voltar a crescer. Estima-se que entre 30 e 50% da área desmatada na Amazônia deixou de ser explorada e está se recuperando. As florestas tropicais costumam ser ricas em nitrogênio. No entanto, a agricultura reduz muito os níveis desse nutriente no solo.

Para compreender melhor esse processo, uma equipe de pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), de Piracicaba, do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Embrapa Amazônia Oriental (PA) estabeleceu o que chamam de cronosseqüência. Em fazendas nos municípios paraenses de São Francisco do Pará e de Capitão Poço, os cientistas delimitaram 12 lotes de mil m2 em áreas que haviam sido abandonadas por agricultores. Com a ajuda dos proprietários das terras, determinaram há quanto tempo cada área havia sido abandonada. Dessa forma, estabeleceram lotes em que a mata estava se recuperando há 3, 6, 10, 20, 40 e 70 anos, além de lotes de floresta nativa. “Nos lotes com 70 anos, o ciclo do nitrogênio já era semelhante, mas não igual, ao da floresta original”, diz Luiz Antonio Martinelli, do Cena, um dos autores do trabalho. “Se deixarmos o sistema em paz, ele se renova sozinho.”

Uma evidência dessa recuperação foi o aumento nas emissões de nitrogênio pelo solo, na forma do gás óxido nitroso (N2O). “Isso indica que, a partir do momento em que o sistema se torna rico em nitrogênio, ele se dá ao luxo de perder esse elemento na forma gasosa”, explica Martinelli. No entanto, o tempo mínimo de 70 anos para a recuperação de áreas desmatadas ainda é preocupante. Segundo Martinelli, o próximo passo é descobrir como intervir para reduzir esse prazo. O estudo contou ainda com a participação de Eric Davidson, do Centro de Pesquisa Woods Hole (EUA).

Revista Nature

Indicado por Eudes M.S. Alves

25 de novembro de 2007

MDL - Parte 6...

VANTAGENS E PROBLEMAS DO MDL NO BRASIL

O Brasil é um país reconhecido internacionalmente por possuir uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo. Embora, no decorrer da história, isso não tenha sido uma escolha resultante de preocupações ambientais, o fato é que, por ter o seu abastecimento de eletricidade baseado em recursos hídricos e por possuir um importante programa de uso de combustíveis de biomassa (álcool) em substituição aos derivados do petróleo, o Brasil - dentre os países que apresentam níveis equivalentes de desenvolvimento e de dimensão econômica - possui um curriculum energético (e de emissões) que o qualifica positivamente no processo de implantação do MDL.

É bem verdade que a matriz energética brasileira, daqui para a frente, deverá perder muito desse seu aspecto de renovação. O suprimento de eletricidade deverá, cada vez mais, se utilizar de recursos fósseis (como o gás natural) e, de um modo geral, a expansão econômica e o desenvolvimento do país deverão elevar de modo substantivo a demanda pela utilização de recursos naturais e o aumento de emissões. Essa tendência, entretanto, de maneira alguma desqualifica o país como especialmente favorável para desenvolver projetos de MDL e ocupar uma posição vantajosa no mercado dos CERs.

O Brasil apresenta um enorme potencial para a conservação de energia e, do mesmo modo, facilidades estruturais permitem que uma nova energia seja produzida em bases sustentáveis e menos emissoras. Reforçando ainda mais esta posição, a competitividade e a excelência brasileira nas atividades de agrobusiness e na indústria florestal formam um quadro bastante positivo para os projetos de MDL.

Igualmente assinalável é a dimensão econômica e o “peso” das empresas brasileiras. O mercado dos CERs exigirá, principalmente na sua fase de implementação, um forte amparo de credibilidade, força e dimensão empresarial, que dê suporte às suas transações. E, sob esse aspecto, o Brasil apresenta, também, um diferencial positivo. É de fundamental importância reconhecer e destacar algumas especificidades que caracterizam os projetos de MDL e o mercado dos CERs.

Os projetos de MDL e o mercado dos CERs se originam de uma iniciativa global de melhoria do meio ambiente, traduzida na forma de redução das emissões de gases geradores de efeito estufa e materializada na Conferência Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio 92. Portanto, a questão da qualidade e da sustentabilidade, no sentido amplo dos termos (social, ambiental, econômico, tecnológico etc.), é mais do que uma peça chave nesse processo: é a matéria-prima básica do trabalho.

A imagem dos problemas ambientais e sociais do Brasil . principalmente aqueles associados à questão do uso irracional e da destruição dos recursos florestais, inclusive pelas implicações para o aumento do efeito estufa . é uma questão sensível a ser enfrentada. Se, de um lado, isso valoriza as ações de melhoria ambiental, oferecendo melhor retorno e abrindo boas oportunidades de novos empreendimentos, de outro, implica a necessidade de um esforço real do empresariado brasileiro, expresso tanto junto ao Governo quanto à Sociedade Civil, em prol da sustentabilidade e para assegurar aos projetos de MDL um elevado padrão de consistência no atendimento dos seus propósitos.

Figueira. Foto: Jeison T. Alflen

Ao agregar valor comercial aos resultados de redução de emissões, o MDL confere, de imediato, maior competitividade às práticas de conservação e uso de fontes renováveis de energia. No momento em que o país é pressionado pelo aumento da demanda por recursos energéticos (em especial de eletricidade), abre-se ao empresariado um importante leque de novas oportunidades de negócios. Negócios e empreendimentos de absoluta consistência econômica e ambiental, que poderão ser decisivos para a oferta dos recursos energéticos necessários ao desenvolvimento e à urgente diminuição das desigualdades regionais do Brasil.

O MDL se mostra também um instrumento poderoso para a difusão e aquisição de tecnologias mais produtivas e .limpas. que, em outro contexto, teriam custos de transferência e aquisição bem mais altos. O interesse geral na eficiência dos resultados dos projetos de MDL abre uma porta importante de acesso a práticas inovadoras e modernas, resultando em evidentes ganhos de produtividade e competitividade empresarial.

O QUE É PRECISO PARA QUE O BRASIL REALIZE SEU POTENCIAL POSITIVO PARA OS PROJETOS DE MDL

Antes de mais nada, é de todo interesse do setor empresarial brasileiro que as medidas e os processos de implementação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo conservem a plena integridade dos seus propósitos e sejam operados com o máximo de seriedade, eficiência e consistência.

Os diferenciais positivos do Brasil só se realizarão se o cenário geral (nacional e internacional) dos negócios e do mercado de carbono for pautado pela integridade, transparência e solidez dos resultados obtidos em termos de redução de emissões.

Além disso, é preciso existir, principalmente em termos nacionais, um ambiente propício ao desenvolvimento de novos negócios e a atribuição da devida importância aos compromissos ambientais de redução do efeito estufa. Excesso de burocracia e controles governamentais, somados à falta de uma política e de uma orientação institucional clara de apoio às iniciativas consistentes de projetos de MDL, serão obstáculos decisivos para a realização das potencialidades e para um bom posicionamento do Brasil no mercado dos CERs.

Money...

A agência DM9DDB fez uma campanha para a WWF-Brasil alertando à todos sobre as consequências do desastre ambiental... o comercial denominado “Money” mostra uma série de acontecimentos que ocorreram graças a uma pequena intervenção do homem na natureza...

A música muito animada que toca ao fundo se chama “Money, Money (makes the world goes around)” do musical Cabaré, cliquem abaixo e confiram o vídeo...


Quem comenta é o vice-presidente de Criação da DM9, o um dos criadores do filme Rodolfo Sampaio, que resume:

“A grande mensagem do filme é que, uma hora, o que você faz tem volta, vai chegar em você. Se você não se engajar nesta luta, se você não tentar reverter este cenário de devastação, mesmo que através de pequenos gestos e atitudes que se somarão com gestos de milhões de outros, um dia tudo pode cair na sua cabeça. Literalmente.”

Vi no Brogui...

O Mundo sem Nós...

Como se comportaria o Planeta Terra sem a espécie humana? Este site mostra o que aconteceria no planeta após o desaparecimento do homem. Passe o cursor em cima dos períodos de tempo para ver as mudanças. Em inglês.

Não há possibilidade de desenvolvimento sustentável...

Doutor em Ecologia, analista ambiental do Ibama e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Genebaldo Freire esteve no Ceará ministrando a palestra ´Desenvolvimento Sustentável - Arrogância e Utopia´. Nesta entrevista, ele fala sobre mitos e fatos do futuro do ser humano na Terra. Vi no Estado do Nordeste.

´Desenvolvimento Sustentável – Arrogância e Utopia´. O que quer dizer?

Significa que, mantidos o cinismo das formas de produção, crescimento populacional, aumento do consumo e políticas totalmente afastadas da relação ser humano-ambiente, não há a menor possibilidade de desenvolvimento sustentável, nem teoricamente. Esse termo é extremamente arrogante. O que precisamos é de ´Desenvolvimento de Sociedades Sustentáveis´. Essa história de ´salvar o planeta´ é bobagem. Primeiro porque o planeta não está em risco, segundo porque não teríamos condições de salvá-lo, nem ele precisa disso. O planeta sempre esquentou, passou por períodos de glaciação e vai continuar sua escalada. Daqui a 7,5 bilhões de anos, o sol apaga, congela. Ele tem seus próprios mecanismos de regulação.

Então a Terra não está em risco como se propaga?

O que está em risco é a sociedade humana, conceitos de bem-estar, democracia, respeito ao próximo, organização social. Isso está ameaçado porque tivemos uma educação que nos remete a sermos consumidores úteis e não a pensarmos a relação com o ambiente. Somente nos últimos tempos, com o aquecimento global, percebemos a necessidade de mudanças radicais em nosso estilo de vida.

E o aquecimento global?

A Universidade de Columbia publicou, em setembro, o índice de vulnerabilidade de 100 países. Lugares que estão mais em cima, como Finlândia, Islândia, Noruega e Dinamarca, estão menos vulneráveis. Mas o Japão, que é uma ilha, está em sexto lugar na lista. Por quê? Porque há mais de 15 anos eles investem em adaptações para se ajustar ao aquecimento global. A Holanda, que tem 57% de suas terras abaixo do nível do mar, está em 14º lugar. Países como Estados Unidos, Alemanha e França estão investindo nisso porque sabem o que pode acontecer nos próximos 10, 20, 50 e 100 anos. O Brasil está em 56º lugar em vulnerabilidade. Isso mostra que não temos alta governança.

Alta governança?

Isso mesmo. Quer dizer que, apesar de sermos o oitavo país mais rico do mundo, temos baixa capacidade de respostas. Isso acontece por diversos motivos, mas, principalmente, pela burocracia e corrupção. Temos tecnologia, cientistas brilhantes e o mapa de vulnerabilidade já está feito. Mas falta a parte seguinte, que são os planos de adaptação e mitigação. Estamos parados em relação a isso. Sabemos que terras boas vão virar semi-áridas e, depois, áridas. Sabemos que as regiões que mais vão sofrer no Brasil são Nordeste, Sul e Sudeste, pelas mudanças profundas no regime de águas. Fortaleza, por ser litoral e estar no Nordeste, está dentro da área de altíssima vulnerabilidade. Disponibilidade de água, perda de safras e migração precisam ser pensadas. Até 2050, quem está hoje com 10 anos de idade, vai passar sufoco, caso não haja planejamento agora. Não há necessidade de pânico, mas é preciso competência, envolvimento e seriedade.

Então o nosso fim pode ser adiado?

A destruição é inevitável. O que é evitável é apressar o processo para ficar mais tempo aqui e evoluir. Daqui a três bilhões de anos a Terra não vai mais reunir condições para que nossa espécie continue, pelo menos como é hoje. A evolução biológica não acompanha a evolução cultural. A cultural é muito mais rápida. Biologicamente levamos milhares e milhares de anos para incorporar adaptações, digamos, casuais, de uma mudança na composição química da atmosfera. E, se não tivermos mais 21% de oxigênio, mas 22%? Todos os seres humanos morrerão. Não há como se ajustar caso a mudança seja rápida. Biologicamente não teremos resposta. O grande fascínio da vida são os mistérios que nos cercam, a contemplação, a reflexão sobre esses mistérios. Infelizmente as políticas não têm tratam disso.

A conscientização pode minimizar os impactos?

Não acredito em grandes catástrofes ecológicas, mas muitas populações irão migrar passando fome, aliás, já está acontecendo. São 36 nações em guerra por causa de água, com recursos minados pela corrupção. O grande papel do movimento ecológico foi trazer a análise sistêmica, ver o todo, para que não se perca no tempo apenas ganhando dinheiro e comprando coisas. A indústria do entretenimento, por exemplo, mantém a pessoa presa diante da televisão, sem tempo para meditar, refletir ou buscar vida plena. As pessoas ficaram ocupadas em ganhar dinheiro e esse tipo de valor corrompeu demais, gerou valores perigosos. Ninguém poderia imaginar, há 20 anos, que alguém tivesse coragem de falsificar medicamentos para pessoas com câncer ou colocar soda cáustica em leite servido para idosos e crianças. Comportamentos dessa natureza são sintomas de afastamento da missão maior. Hoje, o grande desafio da educação é trabalhar valores, ética. Quando eu vejo educação ambiental centrada em coleta seletiva, despoluição, hortas, digo que é pouco. Temos que fazer isso e muito mais. Isso representa apenas 5% do problema.

É como ampliar a idéia de causa e efeito?

Exato. É preciso saber que são necessárias mudanças mais profundas que simplesmente proteção da camada de ozônio, economia de água ou energia elétrica. Claro que são fatores importantes, complementam elementos de gestão ambiental. Mas, o que se exige hoje, está muito além de separar e reciclar lixo. É preciso repensar o consumo. Há necessidade de recusar certas coisas. E isso não se faz de uma hora para outra. Estamos em processo evolucionário, no topo de mudanças e transformações que vão mexer com estilos de vida. As empresas, no início, incorporaram a questão ambiental forçadamente. Agora fazem porque dá lucro, quando elas economizam matéria-prima, quando melhoram o marketing ambiental. É preciso ter estados, empresas, pessoas que incorporem a necessidade de mudar a relação com o ambiente. Isso demora algumas décadas, mas acredito que estamos em bom caminho.

Para onde caminha a humanidade?

Vivemos um período fascinante. Talvez o mais exuberante da escalada humana na Terra. Porque estamos mudando paradigmas e o aquecimento global veio facilitar isso. Ganhamos esqueleto ósseo e corpo físico recheado de água e proteínas para vivermos a experiência humana por determinado período de tempo. Nossa experiência é para a evolução. Nosso papel é produzir transformações. Todo o universo está assim. Mas nosso equipamento sensorial é bruscamente atrapalhado pela religião e educação. Tem um pensador inglês que diz que o ser humano nasce ignorante, mas são necessários vários anos de educação para que ele se torne estúpido. A educação como está virou comércio e com baixíssimo potencial de preparar pessoas tolerantes, compreensivas, éticas, perceptivas, que tenham clareza do que vieram fazer aqui. Tudo embevecido pelo consumismo. A grande preocupação é reunir dinheiro para comprar coisas e pagar impostos. Depois envelhecem, entram em depressão e morrem. A vida é mais que isso e o tempo curto para vivermos essa experiência. É preciso aproveitar intensamente cada dia, minuto, segundo; ser consciente do próprio papel, dizer o que pensa, discordar elegantemente e contribuir.

O homem ainda tem a ilusão de ser o centro do Universo?

Temos um milhão de anos sobre a terra. Os gatos têm 35 milhões de anos; as lagartixas, 50 milhões; as samambaias, 400 milhões de anos. Imaginar que o planeta foi preparado para receber a espécie humana é arrogância e falta de percepção do que significa a vida na Terra. Somos apenas elo integrante da teia da vida que não deveria ser chamado planeta Terra, mas sim, planeta ´Vida´. Tudo aqui foi costurado, programado, concebido para abrigar vida. A vida no planeta é tão exuberante que, se um prédio ficar sem manutenção alguns anos, a vegetação toma conta. Você encontra uma flor emergindo no meio de um asfalto a 50º C. A Terra foi concebida para abrigar vida. Nós, seres humanos, somos, apenas, mais uma espécie. Fomos guinados a sermos a coisa mais importante do planeta por meio das religiões, erro que hoje elas próprias tentam consertar.

Erros que levarão tempo para serem reajustados?

O surgimento da nossa espécie, a partir do momento em que nos organizamos em sistemas urbanos, tornou nossa relação complexa. Agredimos muito, nos trancamos em paredes e achamos que, por meio de tecnologias, resolvemos tudo. É preciso perceber como as coisas funcionam. Não estamos isolados. Nosso corpo é formado por milhares de sistemas dentro de sistemas. Átomos que formam moléculas, células e tecidos; que formam o indivíduo humano, sociedades, populações, biota, ecossistema global, sistema solar, galáxia e cosmos. E, se regredir abaixo do átomo, tem os níveis de energia. Somos macro e micro ao mesmo tempo. Tanto religião quanto educação, enfiaram em nossas cabeças que somos indivíduos. Não! Somos elementos de um todo. Ao mesmo tempo pequenininhos e gigantescos. Não somos os donos da história. Temos, também, nossa importância cósmica. Não falamos mais em educação ambiental para pensar globalmente e agir localmente. É muito estreito. Tudo influencia o todo. Precisamos pensar cosmicamente e agir global e localmente.

Natercia Rocha

Diário do Nordeste

24 de novembro de 2007

Sintetizando...

"Eu também quero a volta à natureza. Mas essa volta não significa ir para tráz, e sim para a frente."

Friedrich Nietzsche

23 de novembro de 2007

Jogando para a platéia na COP13...

Pressionado pelo fato de o Brasil ter rapidamente se transformado no quarto maior emissor mundial de gases poluentes, o governo anuncia nas próximas semanas um plano nacional para enfrentar internamente os efeitos das mudanças climáticas. A data do anúncio tem importância estratégica.

Entre 3 e 14 de dezembro, acontece em Bali, na Indonésia, a 13a Conferência dos países signatários da Convenção do Clima (COP13), que deve marcar o início dos debates da segunda etapa do Protocolo de Kyoto, a partir de 2012. Kyoto II pode gerar sanções contra países poluidores incluindo, grandes emissores, com os EUA, e países em desenvolvimento, como Brasil e China, que hoje não sofrem qualquer restrição para poluir.

No plano a ser divulgado vão constar as estratégias nacionais para enfrentar os efeitos de fenômenos climáticos críticos, como tufões e secas prolongadas. Também constarão indicações da necessidade de reaparelhar o Estado para evitar o desmatamento, responsável por 75% das emissões nacionais. O plano, entretanto, já nasce sob críticas daqueles que não foram ouvidos ou só tiveram suas opiniões parcialmente levadas em conta.

Cientistas de instituições de pesquisa do próprio governo, e ambientalistas que há anos debates o problema das mudanças no clima, avisam que o plano, amplo e complexo por natureza, deveria ter sido discutido com a sociedade. Mas, ao contrário, o documento é uma visão estritamente governamental e está sendo elaborado apenas por representantes Ministérios – os de Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Relações Exteriores.

Deixa a impressão de ser uma tentativa de jogar para a platéia internacional. Afinal, o governo não dá mostras de que querer interromper um modelo de crescimento econômico baseado na exploração radical dos recursos naturais, razão primeira da destruição da floresta, e aponta inclusive para o seu aprofundamento com o PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento. Bali, portanto, será particularmente importante nesse contexto.

Da COP13 devem emergir duas inflexões na forma de tratamento das mudanças no clima. A primeira será a discussão sobre a necessidade de estender a países em desenvolvimento, Brasil e China à frente, metas de redução de emissões, hoje limitadas aos países ricos, que ao longo da história foram, de longe, os maiores responsáveis pela produção de gases poluentes.

A segunda inflexão será a proposta de criar estímulos econômicos para premiar o desmatamento que deixa de acontecer. O governo não é simpático a nenhuma das duas medidas, que se chocam com as formas escolhidas para a economia brasileira crescer.

Mas, há a ampla generalizada de que o Protocolo de Kyoto, em vigor desde fevereiro de 2005, se não foi um fracasso absoluto, ajudou pouco a mudar o panorama. Assim admitiu até o vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o cingalês Mohan Munasinghe (Valor Econômico, 26/10).

O IPCC é o grupo cientistas reunidos pela ONU para avaliar a situação do clima no planeta e ganhador do Nobel da Paz 2007. Com o IPCC prevendo que em três décadas a quantidade de gases emitidos cresce de 50% a 100%, Kyoto II passa a representar uma espécie de última chance para o planeta.

Flor do cacaueiro do mato. Foto: Jeison Tiago Alflen

Uma nova versão do Protocolo, reforçada politicamente, pode surgir de uma conjuntura nova, que exija constrangimentos generalizados às emissões de países ricos e em desenvolvimento. Nos EUA, um eventual governo democrata que deseje se diferenciar da mesmice de opiniões com os republicanos quanto à guerra no Iraque pode tomar posições à Al Gore, o outro Nobel da Paz, ratificando Kyoto, mas exigindo metas para Brasil e China.

Por aqui, o Estado brasileiro resiste às metas, avaliando que aceitá-las significaria assumir a culpa pelas mudanças no clima. Mas esse argumento só em parte é verdadeiro. Sem o enfrentamento articulado e firme do conjunto de dimensões das mudanças do clima ele conduz ao imobilismo.

A rigor, a única proposta brasileira é a promoção de uma oportunidade de negócio: o biodiesel e o etanol para substituir combustíveis fósseis. Embalada em orgulho verde e amarelo, a dedicação extrema aos agrocombustíveis impediu o governo até de faturar a redução expressiva do desmatamento amazônico. Ele despencou 30% em 2007, para 10 mil km2, acumulando, desde 2004, queda de 65% - cerca de 20% de todas as emissões que deveriam ter sido alcançadas pelos ricos.

Mas, até a Ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, evita soltar foguetes em torno desses índices porque sabe que não há como manter a tendência. Em 2008, alerta Marina, ocorrerão três fortes vetores do desmatamento: eleições municipais, levando governos e candidatos a estimularem a abertura de novas áreas agricultáveis; a possibilidade de uma seca que dificultaria o controle de incêndios; e, concordando com o Greenpeace, o aumento da cotação das mercadorias agrícolas, soja e carne principalmente, pressionando o avanço do grande negócio agrícola sobre dois biomas de alta sensibilidade: o cerrado e a Amazônia.

O Greenpeace alerta que “o desmatamento diminuiu quando os preços internacionais da soja e carne caíram (...) esses preços já aumentaram (...) no trimestre maio-junho-julho de 2007 (...) o desmatamento aumentou em 200% e o número de queimadas também cresceu em relação ao mesmo período do ano passado”. Esses dados, confirmados por Marina, exigem outro tratamento do problema.

Mas, essa não tem sido a prática, assim como não é a primeira vez que o Brasil prepara às pressas um importante documento sobre mudanças do clima. Também em 2004, na COP10 realizada em Buenos Aires, o primeiro inventário de emissões do Brasil só foi divulgado dias antes do evento. Mostra de que o esporte nacional, ao que tudo indica, o velho jogo para a galera continuará sendo o maior esporte nacional.

Por Carlos Tautz

Artigo publicado no Blog do Noblat, em 30 de outubro de 2007.

Portal Ibase

Mapas interativos no sítio do IBGE...

Os responsáveis pela interação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão de parabéns. Além de todo banco de dados à disposição, na página da autarquia há recursos de mapas muito bons.


Na parte de mapas interativos, podem ser construídos mapas com diversos temas, como por exemplo Mapa de Áreas Protegidas, Mapa de Fauna Ameaçada de Extinção, Mapa de Climas, de Solos entre outros.


No IBGE Países, há informações sobre todos os países do mundo, agrupadas em 7 temas principais: Síntese, População, Indicadores Sociais, Economia, Redes, Meio Ambiente e Objetivos do Milênio. É super bem feito e ideal para os estudantes e curiosos em geral.

Sempre que puder vou postar dicas de serviços que são oferecidos por muitos órgãos, inclusive governamentais, e que muitas vezes sequer tomamos conhecimento. Informação é tudo.

Vi no Favoritos.

MDL - Parte 5...

Viveiro de teca. Foto: Jeison T. Alflen
O MERCADO DE CARBONO

"Estamos saindo de uma longa espera pela ratificação do Protocolo de Quioto. Uma vez ratificado, nos referimos a um TRATADO DE QUIOTO. Portanto, agora a sua força é real, e as ações serão colocadas em prática. O mercado de carbono não está mais na informalidade das organizações, e para segurança dos que querem ser “players” neste mercado temos as regras em pleno vigor. Como no mercado de capitais, ou na Bolsa de Mercadorias e Futuros temos enfim um novo mercado de títulos para os quais deve-se ter lastros na mercadoria, “commodities”."

Robson de Almeida Melo e Silva
Artigo Completo aqui .

Os Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O princípio é simples. Ao tempo que o Protocolo de Quioto obriga os paises industrializados - e responsáveis pela maioria da poluição mundial - a diminuírem suas emissões de gases formadores do efeito estufa, possibilitou o investimento dos países ricos em projetos que são postos em prática nos países em desenvolvimento.

várias empresas autorizadas pela ONU a desenvolverem projetos para redução de emissões de gases. Entre as atividades mais indicadas são a substituição de óleo diesel ou carvão mineral em caldeiras por biomassa ou biodiesel, substituição do óleo diesel de geradores por biodiesel, reflorestamento, captação do gás metano de aterros sanitários ou fazendas de suínos e a substituição total ou parcial do óleo diesel pelo biodiesel em caminhões, ônibus, tratores, locomotivas, barcos e outras atividades previstas no MDL.

As empresas poluidoras compram em bolsa ou diretamente das empresas empreendedoras as toneladas de carbono seqüestradas ou não emitidas através de um bônus chamado Certificado de Redução de Emissões (CER).

As quantidades de toneladas de CO2 ou outros gases economizadas ou seqüestradas da atmosfera, são calculadas por empresas especializadas de acordo com determinações de órgãos técnicos da ONU. Por exemplo, uma tonelada de óleo diesel trocado por biodiesel gera o direito a 3,5 toneladas de créditos. Um hectare de floresta de eucalipto absorve por hectare, por ano, 12 toneladas de gás carbônico. Um grande aterro sanitário que capte o metano e o transforme em eletricidade, pode ter o direito a milhões de toneladas de créditos por ano.

TIPOS DE MERCADO

Dependendo do mercado em contexto, os tipos de créditos, a forma de comercialização e os preços são diferentes.

O mercado de carbono e o Protocolo de Quioto

Nascido em dezembro de 1997 com a assinatura do Protocolo de Quioto, que estabeleceu que parte desta redução de GEE pode ser feita através de negociação com nações através dos mecanismos de flexibilização, entre os quais destacamos o MDL.

O crédito de carbono do MDL é denominado Redução Certificada de Emissão (RCE) - ou em inglês, Certified Emission Reductions (CERs).

Uma RCE corresponde a uma tonelada de Dióxido de carbono equivalente.

Reflorestamento comercial de teca. Foto: Jeison T. AlflenO mercado da União Européia

Os países da União Européia fizeram um acordo para diminuir emissões de GEE no período entre 2002 e 2007, ou seja, além da diminuição de emissões de GEE entre 2008 e 2012 do Protocolo de Quioto, esses países desenvolveram outras metas para o período anterior ao Protocolo de Quioto. As permissões de emissões das diferentes indústrias podem ser negociadas entre elas. Créditos obtidos a partir de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) também podem ser usados para diminuir partes das emissões.

Os mercados voluntários

Grupos e setores que não precisam diminuir suas emissões de acordo com o Protocolo de Quioto ou empresas localizadas em países não signatários do Protocolo de Quioto (como as empresas americanas), tem a alternativa de comercializar reduções de emissões no chamados mercados voluntários. Um exemplo de mercado voluntário é o Chicago Climate Exchange (Bolsa do Clima de Chicago).

GEE e os créditos de carbono

Em suma, uma tonelada de CO2 equivalente corresponde a um crédito de carbono. O CO2 equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas do GEE pelo seu potencial de aquecimento global. O potencial de aquecimento global do CO2 foi estipulado como 1. O potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior do que o potencial do CO2, portanto o CO2 equivalente do metano é igual a 21. Portanto, uma tonelada de metano reduzida corresponde a 21 créditos de carbono.

O ACORDO DE MARRAKESH

O Acordo de Marrakesh, assinado durante a sétima reunião da Convenção das Partes (COP7), em 2001, define as modalidades e procedimentos dos Mecanismos de Flexibilização previstos no Protocolo de Quioto. O acordo está previsto na Decisão17/CP.7 e foi assim batizado por ter sido assinado na cidade de Marrakesh, no Marrocos.

Os mecanismos a que se refere são o de Desenvolvimento Limpo (MDL), a Implementação Conjunta (JI) e o Comércio de Emissões. Alguns pontos regulamentados foram:

  • Definição das regras operacionais do Uso da Terra, Mudança de Uso da Terra e Florestamento (LULUCF, na sigla em inglês), sendo limitada a utilização de créditos oriundos destes na proporção máxima de 1% das emissões do ano-base para cada Parte;
  • Prestação de assistência às Partes não incluídas no anexo 1 (países industrializados que devem reduzir as emissões de gases do efeito estufa) para que possam atingir o desenvolvimento sustentável e às Partes incluídas no Anexo 1 para que estas consigam cumprir suas metas de redução de emissões de gases do efeito estufa (contidas no Artigo 3 do Protocolo);
  • O país hospedeiro do projeto de MDL deverá aprovar o mesmo com a confirmação que este contribui para o desenvolvimento sustentável do país;
  • Transferência de tecnologia e conhecimento dos países do Anexo 1 para os não incluídos no Anexo 1;
  • Nomeação do Executive Board (Conselho Executivo) e Entidades operacionais designadas;
  • Estabelecimento de fundos internacionais de auxílio aos países não desenvolvidos a se adaptarem as mudanças climáticas;
  • Países que não ratificaram o Protocolo poderão participar do comércio de emissões.

Bolsa do Clima de Chicago (CCX)

Em dezembro de 2003, 14 empresas, que juntas são responsáveis por metade da emissão anual do Reino Unido, fundaram a Bolsa do Clima de Chicago (CCX) na tentativa de criar um mercado de carbono próprio e alternativo ao Protocolo de Quioto.

“É uma forma de mostrar para as empresas americanas que elas devem olhar para isso”, afirma a advogada Letícia Raquel de Lara Cardoso. Entre as empresas fundadoras estão a Ford Motor, a AEP Manitoba Hydro, a Motorola e a DuPont.

Na primeira fase, até 2006, a CCX apenas organizou a comercialização de redução de emissões de gases do efeito estufa nos Estados Unidos, México, Canadá, e de um primeiro projeto de compensação brasileiro – da Indústria de Papel e Celulose Klabin. A empresa mantém um projeto de reflorestamento em uma área de 10 mil hectares.

A CCX é uma plataforma auto reguladora, designada e governada por seus membros, que estabelece as regras deste mercado, define linhas de base, estabelece o foco de emissões (além de monitorar as emissões), define quais créditos são elegíveis e desenvolve leilões.

Vantagens Econômicas para as empresas

Para as empresas que se associam a Bolsa do Clima de Chicago as vantagens são muitas. A principal delas é o aumento do valor do título em bolsas. “Uma ação como a da Ford, por exemplo, que vale tanto na Bolsa de NY, pode ter critérios de sustentabilidade que a façam subir de preço. É uma hipótese, mas acredita-se que pode acontecer”, ressalta a advogada.

Revista Brasil Sustentável

22 de novembro de 2007

Sintetizando...

"O mundo tornou-se perigoso, porque as pessoas aprenderam a dominar a natureza antes de dominar a si mesmas."

Mahatma Gandhi

Veja o que você fez...

Eu gosto dessas animações porque desperta o interesse das crianças... Filme de Tyson Ibele...



Mais em Now Look What You Did!

Protocolo de Quioto será cumprido...

A meta média estabelecida pelo Protocolo de Kyoto deve ser alcançada. Contudo, os países industrializados estão emitindo carbono como nunca, o que pode inviabilizar tentativas futuras de conter o efeito estufa, segundo a última avaliação sobre emissões de gases-estufa pelos países ricos, feita pelas Nações Unidas e divulgada ontem.

O acordo envolve 36 países e visa a cortar em 5,2%, até 2012, as emissões registradas em 1990. Projeções indicam que eles podem atingir uma redução de 11%.

Ainda assim, o secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Yvo de Boer, não acredita que haja motivo para comemorar. Isso porque a tendência de queda foi registrada na década de 1990, porém mudou a partir de 2000 - desde então, as emissões só subiram. "As emissões estão crescendo de uma forma preocupante", disse De Boer. "Temos de 10 a 15 anos para reverter a tendência global de emissões, se quisermos evitar muitas das conseqüências desastrosas."

Segundo a ONU, as taxas refletem a expansão do consumo de carbono por países ocidentais e a renovação econômica dos antigos países soviéticos, cuja emissão caiu na década de 1990.

Longe da Meta

Apesar de, na média, a projeção indicar que o Protocolo de Kyoto será cumprido, há disparidades entre os participantes. A Espanha é o país da União Européia que está mais distante dos objetivos estabelecidos.

Entre 1990 e 2005, as emissões espanholas cresceram 53,3%, enquanto seria permitido um incremento de 15%. É o maior valor entre os países desenvolvidos que participam do protocolo. A Espanha acaba de sediar a última reunião do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que no sábado divulgou a síntese de seu último relatório voltado aos formuladores de políticas.

Portugal aparece em seguida, com um crescimento de 42,8% - era permitido, no máximo, um incremento de 27%. A União Européia, como unidade, está comprometida com um corte de 8%. Porém, deve chegar a apenas 1,5%.

Separadamente, a Suécia é um modelo a ser seguido no bloco: podia aumentar as emissões em 4%, mas as reduziu em 7,3%. França, Finlândia e Grã-Bretanha também devem cumprir seus objetivos.

A Alemanha, um dos principais defensores do acordo, não deve cumprir sua meta, a mais ambiciosa entre os europeus: 21%. O país deve chegar a um corte de 18,4% de suas emissões em relação ao índice registrado em 1990.

O secretário-executivo também disse ontem que a experiência acumulada até agora indica que ferramentas ligadas ao Protocolo de Kyoto são efetivas e podem ser aproveitadas em um segundo período de compromisso, depois de 2012. Um desenho do futuro acordo será debatido na Conferência do Clima, que acontece em dezembro.

O mercado de carbono, mecanismo que permite às nações que não atingirem suas metas comprar créditos de emissão de outros países, movimentou US$ 30 bilhões neste ano, afirma De Boer. O valor pode dobrar em 2008.

Ele também destacou a aplicação do mecanismo de desenvolvimento limpo, com 840 projetos já registrados em 49 países em desenvolvimento e outros 1.800 na fila de aprovação.

De Bonn, Alemanha, EFE e REUTERS

O Estado de São Paulo

É Assinado decreto para o Plano Nacional sobre Mudança do Clima...

Castanheira jovem. Foto: Jeison T. AlflenO presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (21), durante reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), no Palácio do Planalto, decreto que institui o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM). De caráter permanente, será formado por 16 ministérios e pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, liderados pela Casa Civil. Este Comitê será o responsável por alinhar as diferentes iniciativas do governo nesta área e, em especial, por orientar a elaboração e implementação da Política Nacional e do Plano Nacional sobre Mudança do Clima.

As ações serão operacionalizadas por um Grupo Executivo, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e composto por outros seis ministérios, além do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e da Casa Civil. A equipe deverá elaborar uma primeira minuta do Projeto de Lei que definirá a Política Nacional para o tema até 11 de janeiro de 2008, bem como a versão preliminar do Plano Nacional, que deverá ser concluída até 30 de abril de 2008.

O Plano estará apoiado em quatro eixos: mitigação, adaptação aos efeitos da mudança do clima, pesquisa e desenvolvimento, e capacitação e divulgação. De acordo com o ministro interino do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, a iniciativa será fundamental também na definição de medidas concretas que permitam ao País reduzir ainda mais suas emissões de CO2.

"O Plano deverá constituir a síntese dos esforços já realizados até o momento e prover as diretrizes para que o País possa contribuir com os esforços globais de mitigação da mudança, bem como adotar medidas de adaptação aos impactos que o Brasil sofrerá com o aquecimento global já constatado", destacou o secretário.

O Comitê Interministerial terá tarefas como, por exemplo, propor ações prioritárias de curto prazo, promover a articulação internacional para a troca de experiências e transferência de tecnologia e ainda identificar fontes de recursos para a implementação da iniciativa, entre outras responsabilidades.

A sociedade poderá contribuir com o documento por meio de consultas públicas. Serão utilizados como instrumentos dessa consulta a III Conferência Nacional do Meio Ambiente, as reuniões do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, reuniões regionais a serem realizadas em todo o País e ainda a internet, em endereço a ser divulgado posteriormente. O objetivo é promover a transparência do processo em sua elaboração e implementação.

Tanto o Plano quanto a Política Nacional sobre Mudança do Clima vêm se somar aos esforços que o governo brasileiro já desenvolveu para mitigar as emissões dos gases de efeito estufa, como o Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento, que envolve 13 ministérios. O resultado já se observa na redução de 50% na taxa de desmatamento de 2004 a 2006. Com isso, o Brasil evitou a emissão de cerca de 500 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera no período. "É o equivalente a 14% das reduções preconizadas para todos os países desenvolvidos no primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto que se estende de 2008 a 2012", destacou Capobianco.

O secretário enfatizou que reduzir o desmatamento no Brasil implica a mudança de um modelo de desenvolvimento que vai além de cercar a floresta. "Implica, fundamentalmente, em prover condições adequadas para que a manutenção da floresta em pé seja, do ponto de vista econômico, social e ambiental, mais vantajosa do que a sua derrubada", disse.

Nesse sentido, Capobianco destacou que o governo federal prepara a segunda fase do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e que é com este espírito que o Brasil irá para a 13ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima, em Bali, em dezembro. "Vamos insistir na proposta de incentivos positivos para a redução de emissões provenientes do desmatamento e defender a urgência do cumprimento das metas, por parte dos países desenvolvidos", finalizou.

Composição dos grupos:

Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM): ministérios do Meio Ambiente, de Ciência e Tecnologia, das Relações Exteriores, de Minas e Energia, das Cidades, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; dos Transportes, da Saúde, do Planejamento, Orçamento e Gestão; da Fazenda, da Educação, da Integração Nacional, do Desenvolvimento Agrário, da Defesa, de Assuntos Estratégicos, Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e Casa Civil.

Grupo Executivo sobre Mudança do Clima: ministérios do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, das Relações Exteriores, de Minas e Energia, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e Casa Civil.

Íntegra do discurso do ministro interino do MMA, João Paulo Capobianco.

Gisele Teixeira

Ascom - MMA

Calcule sua Pegada Ecológica...

Neste momento estamos a usar energia a uma taxa superior à sua capacidade de reposição. Para isso recorremos ao "capital natural" acumulado ao longo de milhões de anos, exaurindo-o. Naturlink

A Pegada Ecológica constitui uma forma de medir o impacto humano na Terra. Este conceito, desenvolvido por Mathis Wackernagel e William Rees, autores do livro “Our Ecological Footprint - Reducing Human Impact on the Earth” (1996), exprime a área produtiva equivalente de terra e mar necessária para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados por uma dada unidade de população.

Trata-se de uma estimativa do impacto ambiental médio dos indivíduos em diferentes países e áreas.

As pegadas ecológicas da humanidade ultrapassam a capacidade ecológica da Terra de repor seus recursos renováveis e de absorver os resíduos em cerca de 21%. Se estas estimativas estiverem corretas, estamos usando os recursos renováveis 21% mais rápido do que a Terra leva para renová-los. Em outras palavras, seriam necessários os recursos de 1,21 planetas Terra para sustentar indefinidamente nossa produção e consumo atuais de recursos renováveis.

O s;itio My Foot Print possui um quiz interativo que calcula o seu impacto individual sobre o planeta e diz quantos planetas deveriam existir para suportar seu nível de consumo.

20 de novembro de 2007

Emissões de carbono do setor energético crescem mais que o PIB, revela balanço...

O Balanço de Carbono nas Atividades Energéticas do Brasil, apresentado hoje (19) em seminário técnico, aponta que a intensidade das emissões de carbono no setor energético cresceu mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país.

O documento, elaborado para o Ministério da Ciência e Tecnologia pela organização da sociedade civil de interesse público Economia e Energia (E&E), revela que enquanto o PIB cresceu 2,6%, em média, de 1994 até 2005, as emissões no setor de energia subiram, em média, 3,5%.

O balanço constitui a primeira etapa do segundo inventário das emissões de efeito estufa que o ministério elabora para divulgação no próximo ano.

Em entrevista à Agência Brasil, o físico Carlos Feu Alvim, da E&E, explicou que houve variações nesse período e que a partir de 2000 verificou-se uma desaceleração no crescimento das emissões de carbono, em relação ao PIB. Até 2005, informou, as emissões cresceram 1,2% e o PIB, 2,7%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As emissões, segundo o físico, tendem a crescer, "porque nós vamos produzir mais energia elétrica a partir de geração térmica – isso é inevitável para os próximos anos". Com o crescimento do poder de compra, lembrou, cresce o número de automóveis: "O PIB per capita acompanha o dado de veículos per capita. Então, deve haver um crescimento também nas emissões de carbono pelos veículos, mas o uso do álcool pode compensar um pouco essa alta."

Ele disse acreditar, porém, que a tendência de crescimento maior das emissões em relação ao PIB não se manterá no longo prazo. "A gente está se carbonizando”, comentou a esse respeito o diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro(Coppe/UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, que participou do seminário.

O balanço da E&E mostra que as emissões de carbono de origem fóssil (não renovável) na indústria corresponderam a 33% das emissões na área energética em 2005. Segundo Carlos Feu Amorim, o setor industrial que mais emite no Brasil é o de transportes, com 42% – no mundo, são 24%. Isso ocorre, acrescentou, por conta das emissões em atividades energéticas, que "não são, por si um mal".

O físico disse considerar um "conceito errado" chamar o gás carbônico de poluente: "Gás carbônico é essencial à vida. Nós todos somos formados de gás carbônico. O sistema respiratório absorve o oxigênio do ar, passa-o para a corrente sanguínea e recebe o gás carbônico (CO2), que é expelido para o ambiente. No ar que inspiramos, chamado atmosférico, há cerca de 21% de oxigênio e 0,03% de gás carbônico. No ar que expiramos, o alveolar, assim denominado porque os alvéolos pulmonares são a estação terminal do sistema respiratório, há cerca de 14% de oxigênio e 5,6% de gás carbônico".

Ele explicou que é nos alvéolos pulmonares que chega o sangue chamado de sujo, com o ar usado. E que quando o ser humano respira, as células transformam o oxigênio em gás carbônico. Os alvéolos pegam esse ar usado e mandam embora pelo mesmo caminho por onde ele entrou, ou seja, pelos brônquios, traquéia, cordas vocais, laringe e nariz ou boca.

Alana Gandra

Agência Brasil

Emissão de gases estufa cresceu 45% no Brasil...

Organização Economia & Energia elaborou balanço de 1994 a 2005

A quantidade de gases do efeito estufa - com exceção dos produzidos pelo DESMATAMENTO - que o Brasil emite cresceu em praticamente todos os setores entre 1994 e 2005, mostra o balanço nacional de carbono feito pela organização Economia & Energia. Segundo ele, houve um incremento anual de 3,4% nas emissões. O valor é superior ao crescimento registrado do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 2,6% por ano, em média.

Para o professor da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da UFRJ, e secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, a diferença entre os índices reflete a predominância da exportação de matéria-prima, que exige um gasto de energia elevado na produção e no transporte do produto sem um reflexo, na mesma proporção, da riqueza gerada. "Não é só ineficiência técnica", afirma. "Se exportássemos só aviões da Embraer, estaríamos muito melhor. (A diferença entre os índices) Mostra que estamos num caminho não muito bom."

A emissão do setor de geração de energia cresceu de 7,6 milhões de toneladas de carbono, em 1994, para 15,2 milhões, em 2005. Em transporte, as emissões passaram no mesmo período de 25,4 milhões para 36,9 milhões de toneladas de carbono.

Os dados ainda são preliminares e integrarão o próximo inventário nacional de emissões. O primeiro e único já publicado foi divulgado em 2004 com dados antigos, referentes a 1990 a 1994. Os novos dados não devem alterar substancialmente a proporção entre as principais fontes de emissão: o DESMATAMENTO e as queimadas devem continuar na primeira posição. "A mudança porcentual é muito pequena. Se houve um crescimento de mais de 30% no setor de energia, calculo um crescimento de 13% nas emissões geradas pelo DESMATAMENTO no mesmo período", diz Pinguelli.

Segundo o professor, o próximo inventário deve mostrar que as alterações do uso do solo corresponderam a 72% das emissões nacionais de gases-estufa até 2004. No primeiro levantamento, o índice era de 75%. A previsão de divulgação do governo federal é 2009.

Cristina Amorim

O Estado de São Paulo

Sintetizando...

"Nós não herdamos a terra de nossos pais, mas a pegamos de empréstimo de nossos filhos."

Henry Brown

Apertem os cintos...

Performance do "Blue Man Group"...

19 de novembro de 2007

Mercado de carbono encolhe no Brasil...

A notícia não é boa mas o texto explica muitos conceitos...
REBIO Jaru. Foto: Jeison T. Alflen
As oportunidades de investimento em projetos de MDL, principalmente no setor de energia, estão encolhendo no Brasil - afirma o diretor para a América Latina da EcoSecurities, Nuno Cunha e Silva. O motivo, segundo ele, é o novo modelo de cálculo do fator de emissão (que serve para determinar a redução de emissões de CO2 nos projetos de créditos de carbono) proposto pelo Governo Federal.

O fator de emissão é a razão de todo CO2 equivalente por toda energia gerada num sistema. Por meio desse cálculo, define-se quantas toneladas de CO2 são emitidas na atmosfera para cada megawatt de energia gerada.

Em países que possuem uma matriz energética suja, a base de combustíveis fósseis, como Espanha, Irlanda e França, o fator de emissão é altíssimo. O Brasil, por ter a maior parte da sua energia gerada por hidrelétricas (considerada uma fonte limpa) possui um fator de emissão baixo.

Cunha e Silva diz que a nova fórmula apresentada pelo governo tem uma série de desvios na metodologia aplicada que inviabilizam o desenvolvimento de projetos de MDL e prejudicam a competitividade das energias renováveis no país. “Ela cria barreiras especiais para projetos de biomassa e hidroelétricos, com maior potencial nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e para projetos eólicos, com maior potencial na região Nordeste”, destaca.

Enquanto o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) propõe a utilização de uma nova base de dados que leva em consideração números de quatro subsistemas (Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro-Oeste) para o cálculo de geração de créditos de carbono, a proposta das empresas que atuam nesse mercado aponta para um único número como base para cálculo em todo o sistema de energia interligado.

Um estudo técnico realizado pelas maiores empresas do mercado de carbono atuantes no Brasil – entre elas EcoSecurities, Ecoinvest e Econergy - mostra que a proposta do Governo é a pior opção quando comparada à situação atual (com o sistema elétrico dividido em dois subsistemas) ou à proposta das empresas do setor. Segundo o estudo, o potencial de perdas é de R$ 65 milhões/ano, no primeiro caso, e R$ 153 milhões/ ano, no segundo caso.

A divisão em quatro subsistemas proposta pelo governo beneficia apenas a região Sul do país quando se avalia a variação na geração de créditos. “As outras quatro regiões apresentam quedas significativas no potencial de geração de créditos de carbono”, afirma o relatório.

A quantidade total de créditos de carbono gerada também diminui com a utilização de quatro subsistemas ao invés de um único. Essa redução na geração de crédito inviabiliza um grande número de projetos porque insere cerca de 102 projetos numa faixa de geração de RCEs abaixo das 10 mil unidades por ano - o tamanho definido hoje como mínimo para um projeto de MDL pagar todos os custos de transação e obter uma quantidade significativa de benefícios financeiros.

Perdas com a proposta do Governo apresentadas no estudo:

Comparando a proposta do governo com a situação atual e com a proposta das empresas, são constatados os seguintes fatos:

1- A geração de crédito de carbono é sempre maior quando se utiliza apenas um único fator de emissão para todo o sistema, o que aumenta o retorno financeiro dos projetos de MDL para as empresas.

2- Apenas um das quatro regiões (Sul) se beneficia da divisão baseada em 4 subsistemas. As outras regiões apresentam quedas significativas no potencial de geração de créditos de carbono.

3- A base de dados proposta pelo o governo faz a geração de créditos das plantas outorgadas ter uma queda que varia de 44% a 38%.

4- 68% dos projetos de MDL terão sua geração de créditos reduzida.

5- Quase 20% dos projetos ficarão inviáveis por que a redução de geração de créditos vai deixá-los na faixa de menos de 10 mil créditos de carbono/ano. Redução do potencial de desenvolvimento do MDL no país.

6- A redução de capital estrangeiro do mercado de carbono investido na área de energia será de R$ 153 milhões em todo o país: R$ 13,8 milhões no Norte, R$ 103,6 milhões no Nordeste, R$ 74,2 milhões no Sudeste e R$ 47,1 milhões no Centro-Oeste.

7- A subdivisão do sistema cria barreira ao desenvolvimento de projetos de geração de energia a partir de biomassa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, regiões de maior atividade agrícola.

8- A subdivisão também prejudica o desenvolvimento de projetos de hidrelétricas nessas regiões que têm grande potencial hidrelétrico a ser explorado.

9- Redução drástica do desenvolvimento da energia eólica no Nordeste.

Por Sabrina Domingos, CarbonoBrasil, com informações da EcoSecurities.

Fonte: CarbonoBrasil / EcoSecurities.

MDL - Parte 4...

Pôr do sol na REBIO Jaru/RO. Foto: Jeison T. Alflen

OBJETIVOS, POSSIBILIDADES E EXIGÊNCIAS PARA O MDL

A criação do instrumento de MDL, suas normas e condições para implementação são definidas no Artigo Nº 12 do Protocolo de Quioto, que estabelece:

  • O objetivo do MDL é possibilitar que os países do Anexo I cumpram seus compromissos (já quantificados) de redução de emissões e, ao mesmo tempo, propiciar que os países menos industrializados (do Não-Anexo I) atinjam o desenvolvimento sustentável;
  • Todas as atividades de MDL deverão obedecer às diretrizes e orientações de um Conselho Executivo (Executive Board), que será designado pelos países membros do Protocolo, em reunião da COP (Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima).
  • Os países do Não-Anexo I, que desenvolvam projetos de MDL para a redução de emissões quantificadas e certificadas, poderão comercializá-las para os países do Anexo I, que as abaterão das emissões que terão que reduzir;
  • A redução de emissões quantificadas, resultante de projetos de MDL, deverá ser certificada por entidades operacionais independentes, designadas como certificadoras pela reunião da COP (que deverá também definir todos os procedimentos de auditorias de verificações com vistas a assegurar a transparência e a prestação de contas dos projetos);
  • Os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e a aquisição dos Certificados de Emissões Reduzidas (CERs) podem envolver entidades privadas ou públicas.

Em suma, para serem certificados e validados, os projetos de MDL deverão:

  • Oferecer benefícios de longo prazo, reais e mensuráveis para os propósitos de redução da mudança do clima e do efeito estufa;
  • Promover uma redução de emissões adicional (ou seja: uma redução que não seria obtida no caso da inexistência do projeto).

ALGUNS CONCEITOS PARA ENTENDIMENTO

ADICIONALIDADE

Sob o ângulo da redução de emissões, em projeto de MDL, a adicionalidade dos benefícios está diretamente relacionada com a linha de base. Por exemplo: sem um projeto de MDL (substituição de combustível fóssil por renovável), a emissão de uma determinada unidade industrial seria “X”.. Nesse caso, “X” é a linha de base. Com o projeto, a emissão passaria a ser “Y”. A diferença “X-Y” se constitui na adicionalidade.

Não se deve esquecer, entretanto, que o MDL está a serviço de uma iniciativa maior de evitar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável. Desse modo, a adicionalidade de um projeto agrega também pontos positivos quando proporciona efeitos benéficos ao meio ambiente e à sociedade em termos de qualidade de vida. Dadas as necessidades brasileiras, por exemplo, a capacidade de geração de empregos de um projeto agregaria adicionalidades positivas à sua execução.

O gráfico abaixo pode ajudar na melhor visualização do conceito de adicionalidade:


LINHA DE BASE (BASELINE)

Quando se considera o caso de uma atividade já instalada e em funcionamento, é fácil visualizar a linha de base de suas emissões e, conseqüentemente, os ganhos adicionais que um projeto de MDL lhe trariam, fato que também se aplica, de um modo geral, a projetos de sumidouros e de resgate de gases geradores de efeito estufa. Para novos empreendimentos, a tarefa pode ser mais complicada. No caso de um novo projeto, que aumente a oferta de energia com base no uso de fontes renováveis, ou menos emissoras, como calcular a sua adicionalidade? Como definir a linha de base de uma atividade que ainda não existe?

Uma alternativa é trabalhar o cálculo da linha de base, considerando como seria desenvolvido o empreendimento (business as usual) sem a preocupação explícita de redução de emissões.

Considerando as fontes de abastecimento a serem utilizadas para a expansão da oferta de energia em uma determinada região ou localidade, outra possibilidade é calcular a adicionalidade do projeto, tendo como linha de base o padrão de emissões tradicional de empreendimentos equivalentes. Por exemplo, em uma região servida por gasoduto, pode-se ter como linha de base o padrão de emissão de uma usina térmica convencional, movida a gás.

Dadas as especificidades da matriz energética brasileira e de suas projeções para o futuro, releva-se de fundamental importância a definição, ainda que em linhas gerais e apenas para os próximos 10 anos de um plano nacional de suprimento energético, que delineie as principais fontes de abastecimento para cada região do país. Ao se levar em conta a fase de transição em que o país se encontra, essas definições darão amparo e consistência à linha de base e cálculo da adicionalidade dos projetos de MDL.

Créditos: CEBDS ...visitem...