16 de novembro de 2007

Quem reduz a poluição ganha dinheiro...

O verde é a cor oficial de um mercado em expansão em Santa Catarina: o dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Ações que buscam reduzir a emissão de gases poluentes - gás carbônico, o CO2, e outros 90 elementos - podem render milhões de reais com os chamados créditos de carbono (em inglês, Certified Emission Reduction).

Futuro

Santa Catarina tem cerca de cem projetos prontos ou em fase de elaboração, estima o governo estadual

Ainda há muito a explorar. "Só 15% da capacidade do Estado é aproveitada. Temos um potencial enorme pela frente", afirma o consultor Roulien Vieira, um dos pioneiros na área em Santa Catarina.

Ele é mestre em economia ambiental e operador de bolsas ambientais, que negociam créditos pelo mundo.

Esses créditos valem dinheiro vivo na Organização das Nações Unidas (ONU) ou num dos mercados voluntários, criados por empresários. Além do retorno financeiro, a empresa sacode a bandeira da consciência ambiental: o chamado marketing verde.

Ano passado, o negócio já ocupava o 20º lugar na balança comercial brasileira, à frente de setores como o vestuário. No mundo, calcula-se que há US$ 600 bilhões (R$ 1,1 trilhão) disponíveis para esses projetos.

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Sustentável estima que há cerca de cem projetos em fase de elaboração ou concluídos em Santa Catarina - mais que o dobro de dois anos atrás. No Brasil, são 230 aprovados, segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia. Empresários da indústria que exporta alimentos e suínos agora colocam na prateleira virtual ar limpo, tipo exportação. Quem faz tratamento de dejetos e detém pequenas hidrelétricas também está de olho. São essas, segundo especialistas, as áreas com maior potencial no Estado.

E há mais interessados. Na semana passada, a Federação das Indústria do Estado de Santa Catarina (Fiesc) fez um evento aberto, em parceria com a Organização de Comércio Exterior do Japão (Jetro). Depois, num curso prático, as 50 vagas se esgotaram. "Havia gente suficiente para preenchermos outra turma", conta José Lourival Magri, presidente da Câmara de qualidade ambiental da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).

Também na última semana, Florianópolis sediou o 2º Encontro Nacional de Créditos Ambientais. Centenas de pessoas estiveram lá. São investidores e técnicos interessados na oferta, principalmente, de japoneses, dispostos a pagar milhões de euros por projetos bem-sucedidos. O dinheiro serve para cumprir o Protocolo de Kyoto, acordo internacional assinado em 1997, para reduzir a emissão de gases poluentes.

"Se você tiver créditos para vender, vão bater na sua porta", brinca Mara Mendes. Catarinense de Rio do Sul, doutora em engenharia ambiental urbana pela Universidade de Tóquio, ela ficou sete anos estudando no Japão. Hoje, trabalha para a Mitsubishi UFJ Securities (MUS), multinacional que elabora projetos sobre mecanismos de desenvolvimento limpo. Roulien Vieira, que negocia créditos pelo mundo, concorda: "É um jargão, mas se aplica: há dinheiro, mas faltam bons projetos".

Rodrigo Stüpp

A Notícia/SC

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