30 de novembro de 2007

Recuperando pastos em florestas...

Converter pastagens em florestas, gerar renda para agricultores familiares e capturar carbono. Esses foram alguns dos objetivos do Projeto Paraná Biodiversidade, vencedor da categoria Natureza do prêmio Von Martius de Sustentabilidade 2007.

O projeto, que é coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, com apoio da Embrapa Florestas, da Emater e do Instituto Ambiental do Paraná, beneficia 187 pequenos produtores familiares da região Noroeste do Paraná com propriedades menores que 30 hectares, com o financiamento de 50% do investimento total necessário para a implantação de florestas de até 5 hectares em suas propriedades.

Segundo o gerente geral do Projeto Paraná Biodiversidade Erich Gomes Schaitza, a idéia de montar o projeto surgiu a partir de uma discussão sobre mudanças climáticas que foi feita na secretaria de Meio Ambiente. “O então secretário do Meio Ambiente, Luis Eduardo Cheida, via a necessidade de discutir essa questão no Estado. Então, nossa equipe discutiu a oportunidade de se montar um programa que conciliasse captura de carbono e reflorestamentos e a partir daí passamos para a prática”.

Ele explica que o diferencial do Paraná Biodiversidade se deve a mistura do plantio de eucalipto com espécies nativas que não só contribuem para geração de renda imediata, mas também garante a permanência desses seres no ecossistema pelo processo conhecido como sucessão florestal. “Nossa primeira intenção era usar eucaliptos apenas e promover a regeneração natural de plantas nativas no seu sub-bosque gradativamente e ir substituindo as árvores de eucalipto pelas que foram regeneradas. Mas percebemos que era necessário promover a conservação genética de espécies florestais”, diz o gerente do projeto.

Atualmente, cerca de 400 hectares em pastagens degradadas já foram reflorestados o que significa benefícios tanto para o meio ambiente como para o agricultor.“Com a captura carbono que será feita por conta do reflorestamento, o produtor rural automaticamente contribui com a luta global contra as mudanças climáticas. É bom para eles e para todos nós”, explica Schaitza.

Outro benefício destacado é no âmbito econômico. “Em nosso modelo de reflorestamento os produtores poderão ganhar dinheiro com a madeira de eucalipto, com carbono e com produções posteriores provenientes da floresta recomposta, através de manejo florestal. Como o plantio é feito na reserva legal, os agricultores não poderão desmatar mais essa área, só manejá-la, retirando produtos da floresta de maneira equilibrada, isto é, de acordo com sua capacidade de regeneração”, explica o gerente.

Mas para promover o reflorestamento das pastagens paranaenses não foi fácil. Schaitza explica que a equipe encontrou muitas dificuldades, como por exemplo, a seca. “Tivemos que organizar 180 agricultores e fazer com que eles entendessem a necessidade de se fazer investimento, independentemente, de estarmos atravessando maus bocados com a maior seca dos últimos anos”.

Com relação ao investimento direto do projeto, foram necessários aproximadamente R$250 mil por parte da secretaria outros R$ 250 mil por parte dos agricultores.

Mesmo com o sucesso do programa, que recuperou 400 hectares e além de vencer o Von Maritus ganhou o prêmio Expressão de Ecologia, concedido pela revista Expressão, Schaitza afirma que ainda é preciso investir e superar muitos desafios. “Precisamos trabalhar muito para sairmos de um modelo bonito para uma prática bem estabelecida. precisamos validar o Projeto junto ao Protocolo de Kyoto, continuar a capacitação de agricultores e a formação da cooperativa de produtores de carbono. Finalmente, um grande trabalho é o de achar clientes para comprar o carbono deles. O "módulo de carbono" é um projeto de longa duração, com 20 anos de execução previstas e as dificuldades que aparecem vão sendo vencidas aos poucos.”

Segundo o ele, a realização de prêmios como o Von Martius de Sustentabilidade é uma forma de chamar a atenção de investidores e da sociedade para com temas ambientais. “O prêmio abre espaço na mídia. E como esses prêmios são notícia acabam alavancando a produção nacional. Mas ainda precisamos de mais prêmios que sejam voltados para o produtor de gado. Assim, o agricultor que preza pela natureza se sentiria valorizado e produziria pensando na sustentabilidade”.

Outros vencedores

O segundo lugar ficou com a Cooperativa Agroindustrial (Cocamar), com o projeto Cultivar que com o slogan "Produzindo florestas com mãos especiais", tem como objetivo recuperar matas ciliares na região de Maringá, no Paraná. O trabalho, que é feito com a colaboração de alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e de detentos da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM), além de beneficiar cerca de 6.700 associados da Cooperativa Agroindustrial (Cocamar) com a recuperação de suas propriedades, possibilita a inclusão social de alunos excepcionais e de condenados.

Durante um ano, 620 mil mudas de espécies nativas foram produzidas para o reflorestamento de 150 quilômetros de margens de rios em cerca de 30 mil pequenas propriedades rurais abrangendo oito municípios. A parceria com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) permitiu a capacitação técnica dos participantes, além da doação de sementes, substratos e tubetes. O projeto Cultivar faz parte do Programa Estadual de Mata Ciliar da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, contando também com o apoio da Prefeitura Municipal de Maringá e da multinacional alemã BASF.

Já o terceiro lugar foi para o projeto Gestão Ambiental pelo Consórcio intermunicipal Ribeirão Lajeado que realiza programas de educação ambiental, recomposição da mata ciliar, manejo conservacionista do solo, coleta de águas pluviais e conservação de estradas rurais por meio de levantamentos feitos pela Companhia Energética de São Paulo (CESP) e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

O que é o Von Martius ?

Divulgar e reforçar o compromisso da Alemanha e das empresas alemãs com o desenvolvimento sustentável. Estes são alguns dos objetivos do Prêmio von Martius de Sustentabilidade que é realizado anualmente pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Este ano, o prêmio, que homenageia o pesquisador alemão Karl Friedrich von Martius, cujo trabalho contribuiu para a valorização da cultura e natureza de nosso País, recebeu da empresa BRTÜV o certificado de neutralização de carbono, confirmando assim o caráter carbonfree de todo o evento.

A idéia do prêmio, que está em sua 8ª edição, é reconhecer as iniciativas de empresas, do poder público, de indivíduos e da sociedade civil que promovam o desenvolvimento econômico, social e cultural com respeito socioambiental e, a partir disso, transmitir uma mensagem sobre responsabilidade ecológica para o mundo, através da valorização de três importantes plataformas de ação: Humanidade, Tecnologia e Natureza.

O Prêmio von Martius de Sustentabilidade 2007, cuja cerimônia de premiação aconteceu no dia 7 de novembro, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro (RJ), tem o apoio do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), World Wide Fund for Nature (WWF), InWEnt, Gráfica Bandeirantes, Suzano Papel e Celulose, Senator Turismo Lufthansa City Center, BRTÜV e é o único concurso de projetos ambientais do Brasil a dispor da auditoria de procedimentos da PricewaterhouseCoopers.

Mais informações podem ser obtidas no site da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha: http://www.ahkbrasil.com/premio/

Por Michelle Barreto

Envolverde

ONU: Brasil está entre líderes de reflorestamento

Nairobi - O Brasil está em décimo primeiro lugar na lista de países que mais contribuem para o reflorestamento de áreas desmatadas, de acordo com um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).Mais de um bilhão de árvores foram plantadas no mundo em 2007, o que supera os objetivos fixadas pela ONU em termos de reflorestamento, medida destinada a paliar o aquecimento do planeta

A Etiópia, com 700 milhões de árvores plantadas, e o México, com 217 milhões, são os países que mais contribuíram para esta operação. Os países mais pobres, os primeiros ameaçados pelas conseqüências do aquecimento do planeta, figuram numa boa posição nesta lista. A Turquia é o terceiro, com 150 milhões de árvores plantadas, seguido do Quênia, com 100 milhões, Cuba, com 96,5 milhões, e Ruanda, com 50 milhões.

O Brasil tem 16 milhões de árvores plantandas no ano. A campanha "Um bilhão de árvores para o planeta" foi lançada em novembro de 2006 pela Prêmio Nobel da Paz 2004, a queniana Wangari Maathai.

A Indonésia vai plantar 80 milhões de árvores em um dia durante a conferência em Bali sobre mudanças climáticas, em dezembro.

O Dia – Rio de Janeiro

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