Natural do Sri-Lanka, Munasinghe é autor de 85 livros sobre temas como energia e desenvolvimento sustentável. Hoje ele dará uma palestra sobre mudanças climáticas na EcoPower, conferência internacional sobre energias renováveis sediada em Florianópolis.
Com voz calma e tom professoral, Munasinghe se mostra cético em relação às chances de a humanidade refrear uma catástrofe climática e econômica. "Como cientista, é difícil falar sobre quando chegaremos a um ponto sem retorno no que tange ao aquecimento global. Mas se os níveis de CO2 na atmosfera ultrapassarem o limite de 450 partes por milhão (ppm), teremos problemas", afirmou.
Atualmente, o nível de gases de efeito estufa na atmosfera está em torno de 385 ppm - o nível adequado para manter a temperatura terrestre na casa dos
O ceticismo do professor se revela também quando ele é perguntado se o Protocolo de Kyoto, o acordo global sobre mudanças climáticas, fracassou. "Apesar de Kyoto, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram nos últimos dez anos. E nos próximos 30 anos, elas devem crescer de 50% a 100%", disse. "Kyoto é um pequeno passo, insuficiente para refrear o aquecimento global. As próximas negociações sobre clima terão que ser mais ambiciosas para evitarmos catástrofes", diz.
Um dos meios para se atingir o almejado desenvolvimento sustentável seria diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. "Aumentar o consumo de energias renováveis para 5% ou 10% da matriz mundial seria o ideal", diz. Mas reconhece que é muito difícil livrar a humanidade do vício do petróleo e do carvão. "Não podemos impedir os países de usar carvão, já que é um recurso altamente disponível, com reservas para os próximos 200 anos. Mas podemos explorar isso de uma forma tecnologicamente mais limpa."
Andrea Vialli
O Estado de São Paulo
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