É o dia em que a renda anual à nossa disposição acaba e os seres humanos vivos continuam a sobreviver pedindo um empréstimo ao futuro, ou seja, retirando riqueza aos filhos e aos netos. A data foi calculada pelo Global Footprint Network, a associação que mensura a pegada ecológica, ou seja, o sinal que cada um de nós deixa sobre o planeta retirando aquilo de que necessita para viver e eliminando o que não lhe serve mais, os rejeitos.
O dia 23 de setembro não é uma data fixa. Por milênios o impacto da humanidade, em nível global, foi transcurável: era um número irrelevante no que se refere à ação produzida pelos eventos naturais que modelaram o planeta. Com o crescimento da população (o século vinte começou com 1,6 bilhões de seres humanos e concluiu com 6 bilhões de seres humanos) e com o crescimento do consumo (o energético aumentou 16 vezes durante o século passado) o quadro mudou em períodos que, do ponto de vista da história geológica, representam uma fração de segundo.
Em 1961 metade da Terra era suficiente para satisfazer as nossas necessidades. O primeiro ano em que a humanidade utilizou mais recursos do que os oferecidos pela biocapacidade do planeta foi 1986, mas, daquela vez o cartãozinho vermelho se ergueu no dia 31 de dezembro: o dano ainda era moderado. Em 1995 a fase do superconsumo já devorara mais de um mês de calendário: a partir de 21 de novembro a quantidade de madeira, fibras, animais e verduras devoradas ia além da capacidade dos ecossistemas de se regenerarem; a retirada começava a devorar o capital à disposição, num círculo vicioso que reduz os úteis à disposição e constringe a antecipar sempre mais o momento do débito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário