15 de julho de 2008

Salão internacional apresenta inovações energéticas na França...

Equipamentos inteligentes que reduzem o consumo energético em uma residência ou água e energia produzidas a partir de um mesmo aparelho são alguns exemplos das inovações tecnológicas apresentadas na última semana no Salão Internacional de Soluções Energéticas Inovadoras, realizado em Nice, no sul da França.

O software desenvolvido pelo grupo Wirecom tecnologias ajuda a diminuir o uso energético residencial sem precisar contar com a consciência ambiental dos seus moradores. Instalados em cada equipamento doméstico, os chips permitem um reconhecimento mútuo e trocas de informações úteis para a regulação automática da temperatura, da luminosidade do ambiente e da utilização dos aparelhos eletrônicos e de informática.

“É uma solução para gestão de sistemas energéticos que permite o controle e otimização em função de vários parâmetros, como ocupação de uma sala e temperatura exterior”, explica o presidente da Wirecom, Thierry Allard.

O diretor comercial da francesa Enoleo, Pascal Torres, afirma que a economia de energia de “dois dígitos” é possível em 90% dos edifícios através de medidas de otimização e redução no uso. Alguns exemplos são a modernização de equipamentos, otimização da regulação, recuperação de energia, integração de fontes renováveis e melhoria do isolamento.

Atuando no setor de otimização energética e energias renováveis, as soluções tecnológicas desenvolvidas pela Enoleo têm como objetivo reduzir o consumo energético ao mesmo tempo em que se aumentem o conforto dos usuários e a segurança das instalações.

Certificações Green Buildings

Assim, surgiram as certificações de qualidade ambiental de construções, que avaliam o desempenho energético, o consumo de água, os materiais de construção, a utilização do espaço, a produção de poluição, o conforto e a qualidade interior. As edificações que são aprovadas em todos estes quesitos podem ser chamadas de “green buildings”.

Os principais selos de certificação existentes no mundo são o BREEAM, LEED, Green Star, CASBEE e HQE.

O inglês BREEAM (BRE Environmental Assessment Method) já certificou 65 mil edifícios, sendo que alguns setores são obrigados a obter esta certificação na Inglaterra. O norte-americano LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) já certificou sete mil edificios e o francês HQE (Haute Qualité Environnemental), 150.

Tanto o australiano Green Star quanto japonês CASBEE (Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency) se baseiam no Breeam e no LEED e ainda possuem poucas certificações.

Apesar das similaridades, a maiorias dos selos não é exportável para outros paises, segundo o especialista em energia do Bureau Veritas, Patrick Vendeville. Ele explica que os métodos para certificação são baseados em regras e boas práticas locais e em adequação com a regulamentação local.

No Brasil, o processo ainda é recente e desenvolvido pelo Green Buildins Council do Brasil, utilizando o selo LEED.

O Bureau Veritas, líder mundial em certificação de normas de qualidade como os ISO 14001 e 9001, irá lançar um selo para “green buildings” em parceria com quatro empresas. O ‘Green Rating’ irá avaliar o desempenho de um edifício existente através de indicadores tangíveis e mensuráveis de eficiência energética, pegada de carbono, consumo de água, gestão de resíduos, saúde e disposição de transportes coletivos próximos ao edifício. “Primeiramente este padrão será aplicado a nível europeu, para depois ser transposto internacionalmente”, afirma Vendeville

A metodologia de auditoria, que está em fase de validação, já foi testada em quatro países (Espanha, Inglaterra, Alemanha e França). Vendeville ressalta que a principal dificuldade é responder às diferentes realidades de cada país.

Energia eólica para produzir água

Pensando nas regiões áridas e isoladas, onde o acesso à agua é escasso, a empresa francesa Eole-Water desenvolveu uma tecnologia para transformar a umidade do ar em água doce através do uso de energia eólica. A tecnologia Eole-Tech captura a água presente na atmosfera em forma de vapor e a transforma em líquido com a energia produzida a partir do vento.

“O rotor eólico conduz o compressor do sistema termodinâmico do circuito de condensação, assim como a turbina de circulação de ar e o gerador de energia elétrica. O ar ambiente é aspirado para a máquina, desumidecido e liberado”, explica o diretor da Eole-Water, Marc Parent.

A água recuperada é armazenada no alto do mastro, pressionando continuamente a coluna d'água. Assim, a água pode ser direcionada e estocada à distância, no local de consumo, por exemplo.

A grande vantagem da tecnologia é a produção simultânea de água e de energia elétrica, que pode ser estocada em baterias ou utilizada para produzir hidrogênio por eletrólise da água produzida. “Uma turbina com uma hélice de nove metros de diâmetro pode produzir 18 quilowatts (KW) à 10m/seg e 780 litros de água em 24 horas (em ambiente com 30° e 60% de umidade)”, explica Parent. A Eole-Water prevê o desenvolvimento em escala comercial para o ano que vem.

Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil com reportagem de Fernanda B. Muller, enviada especial a Nice, França

Fonte: CarbonoBrasil.

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