9 de dezembro de 2007

Terra do Meio...

Acabo de ver – indignado – a compilação das reportagens do Bom Dia Brasil no Fantástico sobre a região da Terra do Meio, no Estado do Pará, submersa em uma violenta e sombria fase de disputa de poder, onde há a atuação dos grileiros, dos fazendeiros e dos madeireiros. Apesar de muito triste é a realidade de várias áreas na amazônia brasileira.

Discutimos aqui no blog, no âmbito da economia ambiental – que talvez é o grande fomentador de alguma mudança prática nessa situação caótica que vivemos – uma forma de aproximar as boas intenções de preservação, conservação e recuperação ambiental ao nosso dia a dia. Porém, de nada adianta todas as iniciativas se não houver uma compromisso e ações UNIFICADAS de todos.

Falo isso porque muito do que se viu na dita reportagem conta com apoio público e privado: desde as madeireiras e pecuaristas que lucram com a devastação da floresta, passando pelo Município que aumenta sua arrecadação com as divisas alcançadas, até o PRONAF, por exemplo, que deve ter financiado muitas das benfeitorias existentes nas “propriedades” mostradas na reportagem.

Não sei se trata de um equívoco geral ou falta de gestão propriamente dita. Foram criadas quatro unidades de conservação na área, após a morte da Irmã Dorothy, hoje em dia sob comando do Instituto Chico Mendes, que existe de direito, mas não de fato, dependendo ainda da estrutura já capenga do IBAMA e sem valorizar sequer os servidores que naquele órgão atuam.

Comemoramos uma redução no desmatamento nos últimos dois anos na amazônia, devido principalmente á baixa no preço da soja e da carne. Com a pronunciada elevação no preço destas commodities este ano, nos preparemos para o pior.

O sentimento é de total incapacidade. Vive-se em uma economia baseada em sua maioria na ilegalidade, contando com a corrupção de uns, a incompetência de outros e o comodismo de tantos outros. Torço para que o planejamento do MMA através das diretrizes do SISNAMA, que aposta suas fichas na descentralização da gestão ambiental para os Estados e na estruturação do IBAMA e ICMBIO, deixe de ser um amontoado de siglas e dê certo, para um dia quem sabe contarmos com uma real gestão ambiental integrada, que beneficie sociedade e meio ambiente.

Veja aqui o blog especial do jornalista Marcelo Canellas sobre a série de reportagens na Terra do Meio e a reportagem do Fantástico aqui.

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