Em um curso de perícia ambiental no ano passado conheci o Dr. Georges Kaskantzis Neto, autoridade em impacto ambiental muito requisitado para perícias que envolvem, principalmente, acidentes com petróleo. Dr. Georges me afirmou ser um "apreciador" da energia nuclear e que, recentemente, havia mudado seu conceito sobre a tecnologia. Eu ainda acho que não compensa devido ao lixo nuclear produzido: a usina gera energia por 30, 40 anos e seus resíduos devem ser monitorados por 10.000 anos. Não dá.
Mas o Progresso Verde, democrático como é, coloca aqui os dois lados da moeda. O entendimento de dois experts no assunto para informar e gerar discussão sempre em busca de um planeta um pouco melhor para vivermos.
A energia elétrica produzida através da fissão do urânio enriquecido artificialmente ainda gera muitas dúvidas. Há argumentos fortes tanto com relação aos seus benefícios, quanto aos riscos. O Eco conversou com duas pessoas de opiniões absolutamente contrárias sobre a nova planta. As entrevistas com Iukio Ogawa, superintendente de licenciamento e meio ambiente da Eletronuclear, e José Rafael Ribeiro, coordenador da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPÊ) aconteceram um pouco antes do diretor interino de Licenciamento do Ibama, Valter Muchagata, iniciar a audiência pública do Iate Clube, em Angra dos Reis.
De acordo com Ogawa, a população que vive no entorno do local escolhido para erguer Angra 3 pode ficar tranquila: não há qualquer risco da usina liberar material radioativo para a atmosfera. “A estrutura conta com várias barreiras (para cortar a radiação), os operadores são treinados para enfrentar essas situações anormais, e há vários sistemas de alarme, detenção e monitoração para orientar a ação de nossos trabalhadores. Então, o projeto já é voltado para reduzir a níveis insignificantes a possibilidade de um acidente”, diz.
Já Ribeiro enxerga perigos latentes. Segundo ele, ainda não existe solução para a destinação final segura dos rejeitos radioativos em nenhum lugar do mundo. Além disso, sugere que o plano de evacuação montado pela estatal é ineficiente e conta que há trabalhadores temporários expostos à radiação nos momentos de parada das usinas. “Se o empreendedor levasse os problemas a sério, não iria construir uma planta no nível do mar, sendo que há previsões de que ele vai se elevar nos próximos anos. Será o primeiro cemitário nuclear submerso”, lamenta.
Para conferir às duas entrevistas na íntegra, clique nos arquivos abaixoFonte: O Eco
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