26 de maio de 2008

Eco-tendências...

Apesar de não gostar desse papo de eco pra cá, eco pra lá, acho que o tema, se bem usado, pode garantir apelo suficiente para que se discuta e implante iniciativas sustentáveis no dia-a-dia.

Confabulações à parte, o site TrendWatching elegeu 8 tendências de consumo que ditarão o ano de 2008. As previsões englobam diversos temas: status spheres, premiumzation, snack culture, online oxygen, eco-iconic, brand butlers, make it yourself e crowd-mining.

Vamos aos pontos que interessam:

  1. Status spheres (campos de status): neste ano, entre outras subdivisões, há um item para explicar a busca pelo status verde. Para exemplificar, o site cita a grande demanda pelo carro híbrido Prius, que traz certa visibilidade sustentável a quem o está dirigindo. Os norte-americanos, em vez de comprarem aqueles grandes jipes ou utilitários (conhecidos como SUVs), preferem adquirir o automóvel movido a hidrogênio. Outra subdivisão interessante é a filantropia. "Ache um só milionário que não está intimamente ligado à filantropia". De acordo com a previsão, os ricos estão muito mais preocupados em doar seu tempo e dinheiro do que há alguns anos. E indo nessa linha também, outro aspecto abordado é "a participação é o novo consumo". As pessoas querem ter um público focado em suas habilidades, participando de meios e grupos sobre determinado tema.
  2. Premiumzation: são os produtos chiques que as empresas desenvolvem para um público muito específico. Segundo o site, todos os produtos terão sua versão premium. Algumas, claro, muito duvidosas, como é o caso da Bling H2O, uma garrafa de água que tem cristais Swarovski. Nada sustentável, mas mostra o caminho que as empresas devem seguir: customizar ao máximo para atingir públicos bem específicos.
  3. Snack culture: designa os produtos feitos para consumo rápido e satisfação instantânea. Pode-se considerar os fast-foods nesse item, mas não é só de alimentação que o termo trata. São utensílios menores, feitos sob medida para uma pessoa. Um grande exemplo é o automóvel Smart, desenhado para caber apenas dois passageiros e para poluir menos do que um carro convencional. Considerando que a maior parte da frota de carros paulistana trafega com apenas uma pessoa, o Smart é uma alternativa ecoeficiente e faz parte da snack culture.
  4. Online oxygen: não pense que é a venda de oxigênio pela internet. Em 2008, mais pessoas e mais serviços online serão disponibilizados pelo mundo inteiro. A necessidade da criação desse tipo de produto é tão urgente como se uma pessoa tivesse sem ar – ou oxigênio. O TrendWatching acredita que neste ano, milhares de novos produtos serão criados nesse meio, o que possibilitará com que mais pessoas entrem em sites sobre sustentabilidade, como o nosso Planeta Sustentável.
  5. Eco-iconic: para o site, os produtos sustentáveis passaram por transformações durante os anos. Se antes eles eram apenas chamados de ecos, passaram a ser considerados eco-feios, por causa do design esquisito, preços salgados e sustentabilidade duvidosa. Depois de muita pesquisa e propagação da idéia, ser eco virou moda, surgindo a classificação eco-chic. Depois de toda a hype, o TrendWatching aposta no eco-iconônico, ou seja, produtos com design bonito e característico, alternativas voltadas ao meio ambiente e eficácia incontestável. Um desses itens, novamente, é o carro Prius!
  6. Brand butlers: a idéia é a seguinte: em vez das marcas de produtos bombardearem seus clientes com propagandas, elas oferecem um serviço ao consumidor. Por exemplo, uma marca de fraldas construir um fraldário em um aeroporto – com os devidos créditos – para que os passageiros tenham mais comodidade.
  7. Make it Yourself: é o velho e bom “faça você mesmo”. A aposta é que, graças à revolução digital, as pessoas invistam mais em produções próprias de filmes, músicas, imagens e blogs. Em vez de dependerem apenas das grandes corporações e empresas, elas podem fazer qualquer coisa de casa. Como diz o nosso querido TreeHugger, “fazer é o novo comprar de 2008”.
  8. Crowd-mining: a tendência é que as pessoas se juntem para “lapidar e polir o diamante”. Como diz o velho ditado: duas cabeças pensam melhor do que uma. Agora, imagine várias pessoas pensando sobre um mesmo assunto ou projeto. A aposta é que as pessoas se organizem para elaborar e construir produtos para se viver melhor e ajudar a outras. Difícil imaginar? É o que a comunidade open source faz atualmente. O site Wikipedia, por exemplo, é construído seguindo esse preceito.

Essas tendências não só se concretizaram, como foi preciso acrescentar mais duas. No briefing deste mês, o site reforça uma característica que eles já divulgaram, o eco-iconic, e adiciona o eco-embedded e o eco-boosters.

Além do famoso carro híbrido, desta vez o trendwatching mostra uma série de outros itens que podem ser considerados como exemplos dessa tendência. A linha de produtos de limpeza da Nova Zelândia, o protótipo do carro elétrico da Tesla Motors, as bolsas feitas de papéis de bala e de bolachas, os novos tênis da Adidas, bolsas com película fotovoltáica e prédios que incorporam a energia eólica em seu design.

Embora o eco-icônico pareça algo forte e que durará por muito tempo, o site acredita que existe outra que irá superá-la. É o eco-embedded (eco-embutido, em tradução literal). A idéia dessa tendência é que as empresas não precisarão mais da força popular para desenhar e produzir artigos que demonstram preocupação com o meio ambiente. Na verdade, o consumidor não terá mais escolha. Ele será obrigado a consumir produtos sustentáveis por não haver outra opção. O conceito de sustentabilidade já estaria embutido nesse novo mercado, seja por pressão do governo, por coragem da empresa ou por brilhantismo do design. Não importa. Eles até consideram a parte de regulamentação como o quarto ‘R’, complementando o Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Um exemplo vem de São Francisco, nos EUA, onde desde novembro de 2007 os mercados com mais de cinco lojas na cidade não podem mais usar as sacolas plásticas. Ou seja, os consumidores não têm escolha. As sacolas agora dadas aos clientes são recicladas e recicláveis.

Se o eco-embutido já parece sonho, o eco-boosters está no céu! Essa dominação é dada para as empresas que fazem – ou farão – além do que realmente precisam. Em vez de apenas neutralizar as emissões que seus produtos provocam, a companhia faz muito mais do que isso, como neutralizar 120% dos gases, replantar uma floresta devastada – que nada tem a ver com a produção da empresa -, cuidar da biodiversidade, enfim, cuidar de esferas que não são atingidas diretamente pelos seus produtos.

E o trendwatching dá alguns exemplos, como a água Fiji que “neutraliza” 120% das emissões; o serviço de carros londrinos Ecoigo, que não “neutraliza” só 120%, mas o dobro (ou seja, nem é mais neutralizar...); ou o papel que, depois de usado, pode ser plantado em um jardim.

Fonte: Planeta Sustentável (adaptado)

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