13 de junho de 2008

Por que continua o desmatamento na Amazônia?

Após três anos de queda, a retomada no ritmo de desmatamento na Amazônia, verificada no último semestre de 2007, agora se confirma com os dados divulgados tanto pelo Inpe quanto pelo Imazon — Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, para o mês de abril de 2008. O aumento é explicável sobretudo pela alta nos preços de produtos como soja e carne. A floresta está sendo derrubada porque, a curto prazo (e para alguns segmentos econômicos) a agropecuária é mais lucrativa do que opções tais como o manejo sustentável, que permite a retirada de madeira e outros produtos sem destruição ambiental. Para entender por que estamos encalhados há mais de três décadas na busca de solução efetiva para esse problema, é preciso conhecer suas causas.

O desmatamento é relativamente recente na história amazônica. Foi impulsionado a partir da década de 70 pelo governo federal por meio de incentivos para a ocupação da região. Passou de 0,5% do território da floresta original, em 1975, para quase 18% — ou mais de 740 mil quilômetros quadrados — até 2007, área equivalente à soma dos estados de Minas Gerais e Paraná. Além disso, da floresta remanescente estima-se que cerca de um terço já tenha sofrido algum tipo de pressão, como exploração madeireira predatória e incêndios. Isso significa que a situação é muito mais crítica do que sugerem os dados do desmatamento recém-divulgados.

Por que o desmatamento persiste na Amazônia? A explicação mais plausível é que ele gera benefícios econômicos e políticos para segmentos que lá atuam. O Imazon chama isso de padrão “boom-colapso”: nas novas áreas desmatadas (municípios de fronteira), ocorre rápido e efêmero crescimento na renda e no emprego, porém com altos custos em termos de violência rural e degradação ambiental. A médio prazo, em geral após uma década, os indicadores socioeconômicos pioram e esses municípios entram em colapso social, econômico e ambiental. É o pior dos mundos — natureza destruída e manutenção ou agravamento da pobreza.

Leia aqui todo o artigo de Adalberto Veríssimo.

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