Tasso fez um resgate dos avanços da gestão florestal de 2003 até hoje, quando os objetivos eram reverter tanto a trajetória de desmatamento quanto o déficit de plantios florestais com fins produtivos e aumentar a escala de manejo das florestas naturais, chegando a um patamar de 30%.
Dentre estes pontos, dois avançaram. Um deles é a redução do desmatamento, principalmente na Amazônia e na Mata Atlântica que, segundo Tasso, “embora tenham acontecido alguns repiques de aumento de desmatamento, temos hoje a garantia de esforços contínuos para controle da situação”. Outro ponto que avançou foi o aumento do plantio de florestas, que saíram do patamar de 320 mil hectares para 700 mil hectares. “Plantamos hoje o que vamos colher no futuro”, afirmou.
No caso do manejo de florestas naturais, houve um salto de 300 mil hectares manejados para 3,5 milhões mas, segundo Tasso, “foi um aumento significativo, mas insuficiente se comparado à demanda existente”.
Desafios até 2011
O Brasil ainda tem muitos desafios na área florestal. Um deles é a continuidade nos esforços para queda perene e consistente do desmatamento em todos os biomas, com o reforço do monitoramento no Cerrado e Caatinga. “Além disso”, afirma Tasso, “é necessário incorporar mecanismos de monitoramento da degradação florestal. Hoje realizamos só o de desmatamento”.
O segundo desafio refere-se às florestas plantadas, com o objetivo de chegar em 2011 com um milhão de hectares plantados por ano. “Precisamos dar um salto”, afirma o diretor. Este cálculo tem a ver tanto com a demanda conhecida de produtos florestais tradicionais mas também considerando uma realidade futura para novos tipos de produtos florestais, com valor agregado.
Nesta questão entra ainda a inserção dos pequenos produtores na cadeia florestal. “Em 2003, os pequenos produtores representavam 8% dos que plantavam florestas; em 2007 chegamos a 25%. A meta é chegar a 30% em 2011, com o destaque de que a meta é chegar a um milhão hectares por ano em todo o País, considerando todos os que plantam florestas”, explica Tasso.
Plantio de Teca em São Miguel do Oeste/RO. Foto: Jeison T. Alflen.
Ainda no tópico florestas plantadas, outro objetivo é chegar a pelo menos 10% de plantio de espécies nativas. “Hoje temos 'traço' de plantio de nativas nas estatísticas”, observa. Inserir o pequeno produtor na cadeia é um desafio tecnológico para adaptação do sistema de plantio, produção e colheita. Para Tasso, “até hoje a tecnologia estava focada em colher em áreas grandes e concentradas. Precisamos agora inserir os pequenos no processo e adaptar as tecnologias a esta realidade”.
O terceiro desafio é a ampliação de áreas nativas manejadas de 3,5 milhões de hectares para 15 milhões de hectares e a aposta é na concessão de florestas, em especial para manejo florestal comunitário. “Para isso precisamos conhecer melhor como é a dinâmica das florestas, como crescem, como se comporta em determinados cenários. Isso é fundamental para um bom manejo”. Os dois últimos desafios citados pelos diretos são, para ele, os mais importantes: as mudanças climáticas e a demanda por novos produtos florestais.
Mudanças climáticas
Para Tasso, as mudanças climáticas são uma realidade e, se o País quiser estar preparado tanto para preservar suas florestas quanto fazer um uso sustentável, é fundamental conhecer muito bem a dinâmica das florestas. “Isso vai possibilitar traçar cenários de como as mudanças climáticas vão impactar nas florestas”, observa. “As decisões que vamos tomar hoje precisam ser baseadas nesses cenários futuros”, completa Tasso. Não há, portanto, como projetar o que vai acontecer sem conhecer como as florestas crescem, o que impacta na sua dinâmica e o que acontece em diferentes situações. Tasso é enfático: “isso é estratégico para o Brasil”. Além disso, as florestas também impactam no clima e conhecer a dinâmica de carbono nas florestas também se torna estratégico.
O quinto e último desafio são os novos produtos das florestas, com destaque para geração de energia a partir da biomassa florestal. “Os biocombustíveis de segunda geração estão nas florestas e não na agricultura”, explica Tasso. “Isso vai representar uma demanda e uma oportunidade incrível para as florestas brasileiras. Por isso é importante investir no setor e no conhecimento profundo do funcionamento das florestas”, completa.
Como, então, dialogar com tantos desafios? Para Tasso, as respostas estão na pesquisa e conhecimento de todo este potencial que o País tem. “Vivemos um momento curioso, onde ainda não conseguimos vislumbrar o futuro, mas isso é cada vez mais necessário para planejar o que vamos fazer hoje, no dia-a-dia”, finaliza. Em relação ao Seminário, Tasso demonstrou a importância do evento para não somente gerar o conhecimento sobre a dinâmica de florestas mas também como ferramenta para impactar nas políticas públicas.
Experiência da Bolívia
Como crescem as florestas brasileiras? Esta é uma das principais perguntas do I Seminário Nacional sobre Dinâmica de Florestas. Promovido pela Embrapa Florestas (Colombo/PR) em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro, o evento reúne experiências e palestras de todos os biomas brasileiros com o objetivo de entender e monitorar como se desenvolvem as florestas no País.
Esta quarta-feira (25/06) está reservada para conhecer a experiência da Bolívia no acompanhamento da dinâmica de suas florestas e também como trabalham outras redes de monitoramento, tanto nacionais quanto internacionais.
Além disso, os cerca de 150 participantes também vão conhecer mais sobre o uso de bancos de dados para sistematizar as informações sobre o monitoramento das florestas. O evento contempla ainda sessões de pôsteres com experiências de todo o País e reuniões das redes regionais de parcelas permanentes de todos os biomas.
Fonte: Celulose Online divulgado no Portal do Meio Ambiente.
Um comentário:
até quando trataremos como "desafio" a preservação da amazônia? lamentável. espera-se que pelo menos obtenhamos resultados desse "desafio".
Paula - psustentavel@gmail.com
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